terça-feira, 12 de agosto de 2008

Portugueses inventam o transístor de papel

Equipa de cientistas portugueses da Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa desenvolve o primeiro transístor de papel.

Trata-se de um importante avanço tecnológico que poderá possibilitar a criação de sistemas electrónicos descartáveis de baixo custo.

A pesquisa foi coordenada por dois cientistas portugueses, Elvira Fortunato e o seu marido Rodrigo Martins, do grupo de investigação do Cenimat, o Centro de Investigação de Materiais

O objectivo era o fabrico de transístores descartáveis para uso em sensores biológicos com aplicações na medicina e o resultado foi o transístor de papel, uma descoberta que está a provocar o interesse em todo o mundo.

Elvira Fortunato e a sua equipa utilizaram uma folha de papel comum como camada dielétrica para construir um transístor de efeito de campo (FET - Field Effect Transistor).

O transístor com a camada intermediária de papel apresentou um desempenho eletrónico comparável ao dos mais modernos transístores de filmes finos (TFT - Thin Film Transistors) que, em vez de papel, utilizam camadas isolantes de vidro ou silício cristalino.

Abordagem inovadora

O novo dispositivo rivaliza em performance com as mais avançadas tecnologias de filme fino, com resultados promissores que poderão ser explorados em ecrãs de papel, etiquetas e pacotes inteligentes, chips de identificação ou aplicações médicas.




Actualmente, assiste-se a um crescente interesse da indústria electrónica pelo desenvolvimento de dispositivos com biopolímeros, pois estes potenciam um manancial de aplicações baratas.

A celulose é o principal biopolímero da Terra tendo alguns estudos internacionais recentes relatado a utilização de papel como suporte físico de componentes electrónicos.

Porém, até agora, ninguém tinha recorrido ao papel como parte integrante de um transístor.

Numa abordagem inovadora, o grupo de investigação do Cenimat fabricou dois transístores de filme fino nos quais uma das camadas – o dieléctrico – é uma vulgar folha de papel.

O dieléctrico, ou isolante eléctrico é um componente importante dos transístores.

Um transístor é um dispositivo com três terminais – fonte, dreno e porta. Nos transístores de efeito de campo (FET, Field Effect Transistor) a corrente eléctrica que passa entre a fonte e o dreno é controlada pela tensão aplicada ao terceiro terminal, a porta. A porta tem de estar isolada electricamente da fonte e do dreno.




No Top 5 mundial

A importância da criação de transístores em papel já foi reconhecida internacionalmente com a atribuição a Elvira Fortunato do primeiro prémio na área da Engenharia do European Research Council.

Este prémio por alguns consideram uma espécie de Prémio Nobel europeu, atribuído ao projecto denominado Invisible, dá a Elvira Fortunato uma verba de 2,5 milhões de euros para aplicar na investigação.

O valor da directora do CENIMAT é também reconhecido internacionalmente com a sua colocação pelo European Research Council no Top 5 mundial dos investigadores em electrónica transparente.

O pedido de patente já foi feito e a descoberta vai ser divulgada pelo número de Setembro da revista científica norte-americana Electron Device Letters.

Várias empresas já contactaram Elvira Fortunato com vista à comercialização do transístor de papel.

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