quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Zimbabwe chega a acordo parcial de partilha de poder

Um acordo para a formação de um governo de união foi oficializado ontem à noite entre o Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, e uma facção da oposição, mas a principal formação de luta contra o regime pediu "um tempo de reflexão".

"Nós tratámos todos os pontos sobre os quais o Presidente Mugabe e (o chefe dos dissidentes Arthur) Mutambara estão de acordo, mas há desacordo sobre um elemento para o qual (o líder do principal partido da oposição) Morgan Tsvangirai pediu um tempo de reflexão", declarou o mediador (e Presidente) sul-africano Thabo Mbeki.

"Adiámos as negociações a fim de dar a Morgan Tsvangirai o tempo necessário para examinar esses temas", adiantou o Presidente sul-africano à imprensa, após três dias de negociações.

Mbeki, encarregue pelos seus pares da África Austral da mediação política no Zimbabwe, estava em Harare desde sábado para ajudar os três protagonistas de um eventual governo de união a concluírem um acordo de partilha de poder, tendo regressado a casa hoje cedo.

O Zimbabwe mergulhou numa crise sem precendentes desde a derrota histórica do regime de Mugabe nas eleições gerais de 29 de Março. As duas facções do Movimento para a Mudança Democrática (MDC, oposição) ganharam a maioria da Câmara dos Deputados, ao passo que Tsvangirai se posicionou na liderança das presidenciais. Porém, antes mesmo da segunda volta das presidenciais, a 27 de Junho, o líder da oposição retirou-se da corrida, devido às violências e pressões que o regime de Mugabe exerceu contra os seus apoiantes em todo o país e que se saldaram em pelo menos 122 mortos e milhares de deslocados.

A oposição reclama, em nome dessa vitória, o controlo do governo. Mas Mugabe, o mais antigo dos chefes de Estado de África, apoiado pelo Estado-maior do Exército, pela polícia e pelos serviços secretos, não pretende ceder às prerrogativas acumuladas desde a independência da ex-Rodésia britânica, em 1980.

Diante da intransigência de Mugabe e de Tsvangirai, a pequena facção de Mutambara tem um peso estratégico. Sem ela, o MDC de Tsvangirai perde a maioria absoluta no Parlamento.

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