domingo, 7 de setembro de 2008

ACIDENTE DE MBUZINI

Como o Ministério da Segurança Começou por Esconder a Verdade

 Passageiros que desembarcaram em Maputo, vindos de Portugal, nos dias que se seguiram ao acidente de Mbuzini, foram alvo de aturadas buscas por parte de funcionários do Ministério da Segurança-Snasp destacados no aeroporto da capital moçambicana. Os homens da segurança moçambicana tinham instruções específicas para confiscar todos os exemplares do semanário português, Expresso, publicado em Lisboa.

Alertado pela Embaixada de Moçambique naquela cidade, o Ministério da Segurança rapidamente mobilizou meios para impedir a circulação do jornal português, não só em Maputo, como também nas restantes partes do território moçambicano pois continha matéria noticiosa sobre o acidente de Mbuzini que não coincidia com a campanha de desinformação que entretanto já havia sido lançada no intuito de encobrir os verdadeiros responsáveis pelo desastre.

A reportagem do Expresso era semelhante a um despacho enviado pelo correspondente da agência noticiosa portuguesa em Maputo, Augusto de Carvalho. Antes de desempenhar as funções de correspondente dessa agência no nosso país, Augusto de Carvalho havia sido director do semanário Expresso.

O despacho indicava claramente que o correspondente, que hoje desempenha as funções de assessor editorial do semanário Domingo, havia tido acesso a dados constantes da transcrição da gravação das comunicações entre a Torre de Controlo do Aeroporto de Maputo e o Tupolev presidencial acidentado em Mbuzini. Dessa transcrição foi possível detectar os primeiros indícios dos erros cometidos pela tripulação da aeronave, e da confusão gerada entre a Torre de Controlo e o rádio-operador do Tupolev-134A, numa altura em que esta aeronave se encontrava a cerca de 50 milhas náuticas de Maputo.

Os esforços da segurança moçambicana em lançar um véu sobre a tragédia de Mbuzini ficaram patentes num artigo da autoria de Luís Brito Dias, antigo piloto das LAM, e que foi publicado na última edição do Zambeze. No artigo, Dias revelou que o ministro responsável pela pasta da segurança havia feito “chegar aos pilotos da LAM a mensagem, tipo ameaça bem clara, para se manterem calados e não abrirem a boca.”

Em declarações posteriores à publicação do seu artigo, o Comandante Luís Brito Dias referiu que "a primeira indicação para nos mantermos calados foi dada verbalmente pelo então director das LAM, que nos avisou claramente de onde vinham as instruções.” Luís Dias acrescenta que “a  outra vez foi numa discussão privada com uma pessoa muito chegada a Sérgio Vieira que até nos disse, num tom ainda mais ameaçador, que se nós (pilotos da LAM ) continuássemos a falar, acabaríamos presos." O Comandante Dias refere que "nessa conversa até estavam presentes outros dois pilotos da LAM que ficaram estupefactos com o tom da ameaça." Houve ainda uma outra ameaça nesse sentido, vinda de um dos membros da Comissão de Inquérito moçambicana", acrescentou a fonte.

Avisos idênticos foram transmitidos a todo o pessoal do Aeroporto de Maputo e da Aeronáutica Civil. Os primeiros indícios da mão pesada da segurança moçambicana, após o acidente de Mbuzini, reflectiram-se na Torre de Controlo do Aeroporto, em que o controlador de tráfego aéreo de serviço na noite do acidente viria a ser detido. Igualmente presos pelo Snasp foram funcionários ligados à área da meteorologia por terem contactado o Aeroporto Internacional de Joanesburgo para uma actualização do estado do tempo. O pedido a Joanesburgo foi feito depois do Comandante Sá Marques, do voo TM103 da LAM, vindo da Beira, ter informado a Torre de Controlo de Maputo de que não poderia continuar por mais tempo em espera e que uma alternativa seria desviar o seu voo para a capita sul-africana uma vez que não era possível aterrar em Maputo. O voo TM103 acabou por ser desviado para a Beira no meio de grande pandemónio no interior da Torre de Controlo do Aeroporto de Maputo em que agentes do Ministério da Segurança ficaram alarmados por se ter dado a conhecer à África do Sul que algo de anormal se estava a passar.

É de salientar, que contrariamente ao que mandam as leis da aviação, a Torre de Controlo de Maputo, sob pressão do Ministério da Segurança, não emitiu, de forma atempada e coordenada, os avisos convencionais de alerta referentes a aeronaves em situação anormal, designadamente INCERFA (que reflecte estado de incerteza quanto à segurança de uma aeronave); ALERFA (reflectindo apreensão quanto à segurança de uma aeronave) e DETRESFA (em que há a certeza razoável de que uma aeronave e os seus ocupantes encontram-se ameaçados por perigo grave).  Efectivamente, o primeiro aviso de alerta, sob a forma de DETRESFA, só foi expedido da Torre de Controlo do Aeroporto de Maputo, às 06h04 (hora local) do dia 20 de Outubro de 1986. 

Os posteriores esforços da segurança moçambicana, que se ajustavam à campanha de desinformação em curso, serviam fundamentalmente os interesses da União Soviética que a todo o custo pretendia desviar as atenções que, inevitavelmente, centravam-se sobre a tripulação do Tupolev presidencial, cedida oficialmente a Moçambique pelo governo de Moscovo. Foi no âmbito desses esforços que as autoridades soviéticas deram instruções à sua missão diplomática em Maputo para evitar quaisquer contactos dos investigadores do acidente, tanto moçambicanos como sul-africanos, com o mecânico de bordo que havia sobrevivido ao acidente. O sobrevivente deveria ser transferido o mais rapidamente possível para a União Soviética, de acordo com as instruções recebidas na Embaixada deste país em Maputo.

Estes factos foram confirmados pelo membro do antigo Bureau Político do Partido Frelimo, Major General Jacinto Veloso, num livro de memórias publicado mais de duas décadas após o acidente de aviação de Mbuzini. Refere o autor de Memórias em Voo Rasante, que “quando elementos da comissão moçambicana de inquérito quiseram interrogá-lo [mecânico de bodo], o pessoal da segurança da embaixada da URSS impediu-os. Foram alegadas razões médicas óbvias e até houve a promessa de que, quando o tripulante estivesse recuperado e fora do estado de choque, a parte moçambicana poderia entrevistá-lo.”

O Major-General Jacinto Veloso acrescenta que “dois ou três dias depois, um dos membros da comissão de inquérito foi ao hospital para saber como estava o tripulante. Com enorme espanto, constatou que o pessoal da embaixada já o havia evacuado para Moscovo.” O autor salienta que “a Comissão de Inquérito de Moçambique protestou e pediu para ir a Moscovo falar com o tripulante, mas a embaixada informou que isso não era aconselhável e que as autoridades soviéticas iriam fazer o inquérito e transmitir as respostas às questões colocadas pela parte moçambicana.” Segundo Jacinto Veloso, “até hoje, pelo que sei, a parte ex-soviética não transmitiu qualquer informação sobre o assunto.”

O estado de saúde do sobrevivente foi apenas um pretexto para impedir que os investigadores do desastre tivessem acesso ao mecânico de bordo. Na realidade, os ferimentos contraídos por Vladimir Novoselov não eram assim tão graves que impedissem a prestação de depoimentos, pois num curto espaço de tempo havia deambulado de uma  unidade hospitalar para outra. Do local do acidente, Vladimir Novoselov foi evacuado para o Hospital de Nelspruit e pouco tempo depois para o Hospital Militar 1 em Pretória, e deste para Maputo. Daqui acabaria por ser transferido para Moscovo, num voo de longo curso. Nada disto condiz com uma pessoa cujo estado de saúde obrigue a que fique isolada numa unidade de cuidados intensivos, como pretendeu fazer crer a Embaixada Soviética em Maputo e que Jacinto Veloso denuncia no seu livro.

ZAMBEZEMaputo, 04 de Setembro de 2008

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Moçambique e Japão reforçam cooperação


Uma missão de cerca de 50 pessoas, entre as quais representantes de algumas das maiores empresas japonesas e funcionários governamentais nipónicos seniores, encontra-se desde terça-feira no nosso país, com o objectivo de identificar oportunidades de investimento e fortalecer as relações bilaterais entre os dois países.

A missão surge na sequência da 4ª Conferência sobre o Desenvolvimento de África (TICAD IV), realizada em Yokohama (Japão), em Maio último, e na qual o Primeiro-Ministro japonês, Yasuo Fukuda, se comprometeu a duplicar a assistência oficial e o investimento privado para o Continente Africano.

Ainda na terça-feira, a missão foi recebida em audiência pela Primeira-Ministra, Luísa Diogo, tendo manifestado à governante moçambicana o desejo de ver realçada a cooperação entre os sectores privados dos dois países, através do intercâmbio de opiniões com membros do Governo e empresários moçambicanos para que se estabeleça “uma fundação para o estabelecimento de novas relações de comércio e investimentos”.

Falando a jornalistas, momentos após a delegação nipónica ter sido recebida em audiência pela Primeira-Ministra, o Vice-Ministro sénior da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Yoshikawa Takamori, disse esperar que a missão que lidera  contribua para alcançar o objectivo partilhado na TICAD IV, que é o de promover o desenvolvimento económico sustentável e fortalecer as relações bilaterais entre o Japão e Moçambique.

Questionado sobre as possíveis áreas de intervenção do empresariado nipónico, Yoshikawa Takamori disse que “o nosso sector privado tem um grande interesse nas áreas dos recursos minerais, não só em Moçambique, mas em todo o Continente Africano”.


Relativamente ao volume da actual assistência japonesa a Moçambique, Yoshikawa Takamori disse que o mesmo está ainda em negociações entre os dois governos, não sendo, por isso, oportuno a sua divulgação. “Mas posso lhe dizer, por exemplo, que o Japão concluiu um estudo de desenvolvimento do “Corredor de Nacala” e já está na fase do desenho detalhado. Depois de terminar este desenho o Japão vai considerar a concessão de créditos para investir no melhoramento daquela infra-estrutura”, disse o vice-ministro sénior da Economia, Comércio e Indústria do Japão.

Ontem, a missão deverá ter participado num seminário sobre comércio e investimento, organizado pelo Centro de Promoção de Investimentos (CPI) e Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), para além de manter contactos com alguns governantes e visitar a fábrica de fundição de alumínio (Mozal). A missão termina hoje a sua visita a Moçambique.

Detenção e extradição estranha

O colaborador directo do Presidente do Conselho Municipal da Beira(CMB), Alexandre Júnior, mais conhecido por Alex, foi deportado no último fim de semana país pois, era alegadamente considerado um cidadão estrangeiro, concretamente de nacionalidade portuguesa e que residia em território nacional ilegalmente, conforme dados do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique(PRM) em Sofala, zona centro do país. Segundo descreve o nosso correspondente na Beira, Alexandre Júnior é um destacado promotor de Markting e Imagem do CMB e já se encontrava detido, há sensivelmente uma semana, depois de ter sido notificado pelos serviços provinciais de Migração de Sofala e comparecido acompanhado pelo edil Deviz Simango. Pessoas auscultadas pelo «vt» e próximas de Alexandre Júnior, acham estranha a detenção, porque este foi em tempos director de uma escola na vila de Inhaminga e na cidade da Beira, num período rigoroso no regime do Presidente Samora Machel e aliado ao facto de tal, vir a acontecer a escassos meses do fim do actual mandato municipal. Num breve contacto que estabelecemos com o presidente do CMB, Deviz Simango, assegurou-nos que "Alex é moçambicano. A sua detenção é infundada". Entretanto, círculos de opinião beirense referem que o detido era braço direito de Deviz Simango e caso venha a ser expulso, como acabou acontecendo, constituia um verdadeiro golpe para o edil dos beirenses pois, era a pessoa que estava a preparar o seu manifesto de campanha com vista às eleições autárquicas de 19 de Novembro próximo, isto antes de ser preterido pela Renamo, para dar lugar ao candidato Manuel Pereira. Por outro lado, junto de fontes policial e da migração local, o "vt" soube que o CMB poderá vir ser convocada nos próximos dias no sentido de prestar declarações, sobretudo, sobre a situação contratual de Alex Júnior e dos serviços que prestava àquela edilidade.

 

terça-feira, 2 de setembro de 2008

África junta em Lusaka no adeus a Mwanawasa



Pelo menos 15 chefes de Estado e de Governo africanos confirmaram a sua presença hoje, em Lusaka, para participar nas cerimónias fúnebres do Presidente zambiano, Levy Mwanawasa, falecido a 19 de Agosto último num hospital militar na França. O Presidente da República, Armando Guebuza, encontra-se na capital zambiana desde o fim da tarde de ontem, acompanhado da primeira-dama, Maria da Luz Guebuza, e do Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Henrique Banze.

Ontem, Guebuza e esposa, acompanhados por Henrique Banze e pela Alta-Comissária de Moçambique na Zâmbia, Maria Leocalda Mathe, foram ao palácio presidencial prestar homenagem a Mwanawasa, antes de serem recebidos pela viúva do malogrado, Maureen Mwanawasa, a quem apresentaram condolências. Armando Guebuza ainda assinou um livro de condolências, no qual deixou registada uma mensagem de reconhecimento ao papel desempenhado por Levy Mwanawasa no contexto do desenvolvimento da Zâmbia, em particular, e da região e do continente, em geral.

Entre os dignitários presentes no funeral de Mwanawasa destacam-se o Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe e o líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), Morgan Tsvangirai. Estão igualmente presentes os presidentes da Tanzania e em exercício da União Africana, Jakaya Kikwete, da África do Sul e em exercício da SADC, Thabo Mbeki, da RDCongo, Joseph Kabila, da Gâmbia, Yahya Jammeh, do Chade, Idriss Deby, do Ghana, John Kufuor, do Botswana, Ian Khama, da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, do Malawi, Bingu Wa Mutarika, este último acompanhado pelo seu predecessor, Bakili Muluzi.

O Lesotho e a Suazilândia enviaram para a cerimónia respectivamente o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro, enquanto países como a China e a Libéria destacaram os respectivos ministros dos Negócios Estrangeiros.

O serviço fúnebre começou com um velório no Tribunal Supremo, onde o corpo esteve depositado durante todo o dia de ontem, devendo ser transferido esta manhã para a sede do Parlamento, local que vai acolher o serviço religioso que, além das tradicionais orações, incluirá intervenções de personalidades como os presidentes em exercício da SADC e da União Africana.

Os restos mortais de Mwanawasa serão sepultados no Parque das Embaixadas, no centro da cidade de Lusaka, onde foi construída uma cripta especialmente para o efeito. Este ritual, de acordo com o programa estabelecido, será acompanhado por um desfile aéreo e uma saudação militar com 21 salvas de canhão.

O corpo de Mwanawasa chegou a Lusaka na terça-feira da semana passada, levado de Paris. Já em território zambiano, o corpo foi levado a percorrer as nove províncias do país, numa iniciativa liderada pela viúva, Maureen Mwanawasa, destinada a permitir que o povo se despedisse do seu ídolo, considerado herói devido à notável dinâmica que imprimiu na vida política e económica da Zâmbia, desde que ascendeu ao poder em 2001.

Atendendo à limitação de espaço no Parque das Embaixadas e considerando a enchente que se prevê, as autoridades zambianas estão desde a última segunda-feira a divulgar mensagens apelando ao público a permanecer em casa, num dia já declarado feriado nacional, a partir de onde poderá acompanhar as cerimónias através da rádio e televisão. 

Enquanto isso, subiu para 18 o número de candidatos à sucessão de Levy  Mwanawasa na presidência do Movimento Multipartidário para a Democracia (MMD), e consequentemente, candidato deste partido à sucessão do malogrado na chefia do Estado.

 

Orçamento do Estado : Reduz dependência de doações externas



A contribuição dos doadores para o Orçamento do Estado poderá ser reduzida dos actuais 54,3 por cento para 44,3 por cento em 2011, resultado do alargamento da base tributária  e da atracção de mais investimento directo estrangeiro e nacional. Reunido ontem, em Maputo, na sua 20ª Sessão Ordinária, o Conselho de Ministros analisou e aprovou o cenário fiscal de médio prazo para o período 2009-2011, um instrumento de política económica e de planificação que faz a projecção do envelope de recursos que estarão disponíveis para o referido período.

O cenário avança que para 2008, o Orçamento do Estado dispõe de 90.197 milhões de meticais, 45,7 por cento do valor representando a contribuição interna. Para o próximo ano, o orçamento necessário será de 90.468 milhões de meticais, dos quais 50 por cento resultarão da contribuição dos doadores e a outra metade será proveniente dos recursos internos. Em 2011, o Orçamento do Estado será de 107.692 milhões de meticais, dos quais 55,7 por cento oriundos de recursos internos e 44,3 por cento vindo dos doadores.

Em declarações a jornalistas em Maputo, momentos após a reunião do Conselho de Ministros, o porta-voz do Governo, Luís Covane, explicou que o Estado estará em condições de angariar mais receitas sem sobrecarregar os actuais impostos.

“Para além do já referido alargamento da base tributária, temos vários projectos de investimento, uns em fase de realização e outros em carteira, porque só assim teremos contribuintes que tornarão possível  as nossas previsões”, disse.

O porta-voz do Governo realçou ainda o facto de no cenário fiscal para 2009-2011, uma atenção especial ser dedicada a um plano de acção para a produção de alimentos, prevendo-se que absorva cerca de 10 por cento dos recursos disponíveis em 2009 e  12.9 por cento do valor contabilizado para 2011.

“Entre os anos de 2009 e 2011 esperamos que o crescimento económico seja de sete por cento por ano, e que  as receitas do Estado cresçam a uma média anual de 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). A inflação será de sete por cento em 2009, 6,4 por cento em 2010 e 6,2 por cento em 2011”, afirmou Luís Covane.

A fonte referiu-se igualmente aos factores que poderão pressionar o Orçamento do Estado no período em análise, tendo destacado a reforma salarial actualmente em curso na função pública, as eleições gerais de 2009, a oscilação “com tendência para o aumento do preço dos combustíveis no mercado internacional”, e o plano de acção para a produção de alimentos.

“Somos um país rico em recursos naturais. Temos terras férteis e água, por isso não podemos continuar dependentes da importação de alimentos. Foi por essa razão que accionámos o plano de produção de alimentos”, disse o porta-voz do Governo.

Kenmare Resources emite acções para financiar areias pesadas de Moma em Mçambique

A empresa irlandesa Kenmare Resources anunciou sexta-feira em Dublin ter colocado no mercado 51,2 milhões de acções ordinárias e obtido um encaixe de 16,4 milhões de libras esterlinas a ser aplicado na unidade de areias pesadas de Moma, Moçambique. As novas acções representam 6,9 por cento das acções ordinárias emitidas pela empresa, adiantou o presidente da empresa irlandesa, Charles Carvill, no relatório sexta-feira divulgado na página electrónica da empresa.
Carvill informa que atrasos na contratação e faltas de equipamento resultaram em níveis de produção e de receitas mais baixos do que o esperado na mina de Nampula indo o encaixe obtido com a venda das acções permitir à empresa elevar o nível de produção de Moma.
A empresa, que ganhou o concurso de exploração de recursos minerais durante 25 anos, prevê produzir ilminite, um minério básico usado no fabrico de titânio, e também zarcão e rutilo, usados para indústrias naval e de aviação. Até ao final de 2007, as minas, que arrancaram há um ano, deverão contribuir com 6,5 por cento de toda a produção mundial de titânio, de acordo com a empresa.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Barragem de Mphanda Nkuwa :


O fecho financeiro para a construção da barragem hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, a jusante de Cahora Bassa, na província de Tete, está previsto para o próximo ano. Num projecto avaliado em 1.65 bilião de dólares e com capacidade para gerar 1500 MW, a sua implantação irá seguir um modelo de financiamento designado ‘project finance’, o que significa que Moçambique irá beneficiar da infra-estrutura sem endividamento do Estado. Dados recentemente fornecidos pelo consórcio constituído pela Electricidade de Moçambique (EDM), Camargo Correia (sediada no Brasil) e Energia Capital, de Moçambique, indicam que o arranque das obras de construção da barragem em si deverá ocorrer logo após o fecho financeiro, ou seja, antes do final do próximo ano. De acordo com o cronograma, a construção da primeira turbina vai durar quatro anos e meio, esperando-se que o empreendimento esteja pronto para gerar energia em cinco anos. Tendo em conta a crise energética que está a assolar a região da África Austral já a alguns anos, a barragem de Mphanda Nkuwa foi projectada de modo a abastecer, para além do mercado nacional, cujas necessidades são actualmente estimadas em 400 MW, a África do Sul, Namíbia e Zimbabwe, entre outros consumidores que venham a mostrar-se interessados. Com vista à implementação do projecto, foram feitas consultas ao mercado financeiro, por enquanto sem quaisquer compromissos. Sabe-se apenas que o financiamento será através de agências multilaterais, bilaterais e bancos comerciais. O projecto apresenta-se com um risco muito baixo em termos de impacto sismológico, embora se considere que há medidas de mitigação que devem ser tomadas através da componente de engenharia. Conversas preliminares entre os donos do projecto e o Banco Mundial indicam que apesar de Mphanda Nkuwa estar projectada para ser uma hidroeléctrica de grande porte, bons mecanismos de controlo de impacto ambiental podem fazer com que o empreendimento seja elegível para a obtenção de licenças ambientais em tempo útil. A barragem  de Mphanda Nkuwa faz parte de um conjunto de projectos de geração de electricidade cuja implementação está nas prioridades do Governo, tendo em conta a necessidade de assegurar a disponibilidade de energia para a atracção de investimentos industriais no país. A partir de 2014, a África Austral vai atingir um ponto crítico no que diz respeito à disponibilidade de energia eléctrica para viabilizar projectos de desenvolvimento. Embora os projectos de geração de energia em desenvolvimento no Botswana, RDCongo, Lesotho, Malawi, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Tanzania, Zâmbia e Zimbabwe  totalizem cerca de 47.000 MW, nem todos atingirão viabilidade de serem implementados dentro do período crítico para o SAPA - Southern Africa Power Pool. Aliada ao projecto Mphanda Nkuwa, está prevista a construção de uma linha de transporte de energia a partir de Mphanda Nkuwa, interligando a nova barragem com Cahora Bassa e as futuras centrais térmicas de Moatize (Tete), Temane (Inhambane) e a linha da Motraco, em Maputo, numa extensão de aproximadamente 1400 quilómetros. A construção da linha de transporte de energia a partir de Tete até Maputo está orçada em cerca de 2.3 biliões de dólares.

Morreu Levy Mwanawasa


Morreu ontem, em Paris, o Chefe de Estado da Zâmbia. Levy Mwanawasa encontrava-se hospitalizado desde Julho num hospital da capital francesa na sequência de um acidente vascular cerebral (AVC), anunciou em Lusaka, a capital, o vice-presidente, Rupiah Banda. Na sequência da morte do Presidente Mwanawasa, as autoridades zambianas decretaram sete dias de luto nacional. Na sequência do acontecimento, o Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, enviou uma mensagem ao vice-presidente da Zâmbia, na qual afirma que foi com choque e incredulidade que tomou conhecimento do falecimento de Levy Mwanawasa, acrescentando que o seu desaparecimento não é só uma perda irreparável para a nação zambiana e sua família, mas também para Moçambique e a SADC, que presidiu até domingo passado. Guebuza diz que seguindo os passos dos seus predecessores, Mwanawasa deu uma enorme contribuição no fortaleimentos das relações bilaterais entre os dois países e endereça condolências ao Governo e nação zambiana, bem como à família Mwanawasa. Na véspera da morte de Mwanawasa, o Governo zambiano havia anunciado uma grave deterioração do estado de saúde do presidente, que precisou de uma intervenção cirúrgica de emergência. O estado de saúde de Mwanawasa tinha vindo a melhorar até domingo, altura em que se deteriorou bruscamente, obrigando a uma intervenção urgente. A intervenção ocorreu na segunda-feira de manhã, não tendo o estadista zambiano resistido. Mwanawasa, 59 anos, sofreu um derrame – o segundo em dois anos – durante a cimeira da União Africana (UA) no Egipto e foi levado para a França depois de receber os primeiros tratamentos no Cairo. Levy Mwanawasa, nascido a 3 de Setembro de 1948, formou-se em Direito e exerceu advocacia, destacando-se em processos contra a violação de direitos humanos e a corrupção. Em 1991 foi nomeado vice-presidente pelo presidente Frederick Chiluba, mas demitiu-se do cargo três anos depois, em protesto pela falta de empenho estatal no combate à corrupção e ao tráfico de droga. Em 2001 foi eleito líder do seu partido, o Movimento para a Democracia Multipartidária (MMD) e, meses depois, presidente do país. Reeleito em 2006, foi elogiado pelo Ocidente pela sua gestão das finanças públicas, baixa da inflação e capacidade de atracção de investimento estrangeiro. Mwanawasa foi um dos primeiros líderes africanos a criticar o Presidente zimbabweano Robert Mugabe, quando muitos dos dirigentes do continente não ousavam afrontar o herói da libertação do Zimbabwe. Em Março de 2007, perante a deterioração da situação económica do Zimbabwe, Mwanawasa comparou o país vizinho a “um Titanic prestes a naufragar”. 

domingo, 17 de agosto de 2008

Egípcia dá à luz séptuplos



Uma jovem mãe egípcia deu à luz, sábado último, sete gémeos, em Alexandria, um fenómeno raro que foi considerado um “milagre” por um dos médicos responsáveis pelo parto. De acordo com a agência oficial de notícias do Egipto, MENA, os quatro meninos e três meninas nasceram de cesariana num hospital da cidade de Alexandria, no norte do país. Eles nasceram prematuros de seis semanas, pesando entre dois e três quilogramas e foram colocados em incubadoras. Emad Darwish, director do hospital, disse que a mãe, Ghazala Khamis, de 27 anos, está em estado estável. Ela precisou de uma transfusão de sangue durante o parto. Khamis já era mãe de três meninas. “É, realmente, um milagre, (a mãe) não tomou nenhum estimulante durante a ovulação”, disse Ahmed Salam, o ginecologista que liderou a equipa que fez o parto.

Sete é o número máximo de gémeos que, no caso dos seres humanos, nasceram simultaneamente e sobreviveram ao parto. O primeiro caso de séptuplos que sobreviveram foi registado em 1997, nos EUA. Também houve casos de um número maior de nascimentos simultâneos, mas nem todos os bebés sobreviveram. Desde que a tecnologia da fertilização “in vitro” passou a ser empregue na reprodução humana, há 30 anos, o número de partos múltiplos passou a ser mais comum. Segundo especialistas, isso teria relação com o uso de drogas para estimular a fertilidade durante esses tratamentos, o que leva a mulher a produzir mais óvulos no mesmo ciclo de ovulação. Na imagem, seis dos sete bebés, quando eram transferidos para as incubadoras.

Jogos Olímpicos de Beijing-2008: Dia grande para Moçambique

sexta-feira foi um dia verdadeiramente grande para Moçambique nos Jogos Olímpicos de Beijing-2008. As nossas duas representantes do sexo feminino foram simplesmente arrasadoras, ganhando de forma magnífica as suas provas e com marcas meritórias. No “Ninho do Pássaro”, local que acolhe as competições de atletismo, Lurdes Mutola venceu a sua série dos 800 metros com 1.58.91 minuto, que constituiu o seu melhor tempo do ano, depois de um período menos bom, enquanto Ximene Gomes, no “Cubo Aquático”, também se impunha na sua série dos 50 metros livres, fixando um novo recorde nacional com o registo de 28.15 segundos. Assim, Lurdes Mutola qualificou-se para a fase seguinte (meias-finais), enquanto que Ximene Gomes só não passou porque a sua marca não a coloca entre as 16 melhores dos 50 metros livres.
Com as atenções viradas para a capacidade de reacção de Lurdes Mutola perante a grande ameaça das jovens quenianas Pamela Jelimo (sobretudo esta) e Janeth Jepkosgei, a atleta moçambicana iniciou a sua participação nesta Olimpíada de forma irrepreensível, não oferecendo tréguas às suas adversárias. Numa série aparentemente fácil, acabou, no entanto, por ser a mais rápida do dia, com Lurdes a obter o melhor tempo desta primeira eliminatória dos 800 metros.
Para quem, como ela, sofre uma grande pressão por parte das atletas mais novas e, naturalmente, mais frescas, trata-se de uma marca que constitui bom augúrio para os seus objectivos de lutar por uma medalha nesta sua derradeira aparição em Jogos Olímpicos. O seu esforço, numa prova em que esteve muitíssimo bem do ponto de vista táctico, atacando com a precisão necessária nos últimos 300 metros, mereceu rasgados elogios no seio dos críticos da modalidade, catapultando-se a sua pessoa para um patamar que virou um sério aviso ao catalogado favoritismo das “gazelas” quenianas.
Lurdes Mutola volta a entrar em competição hoje, para as meias-finais, a partir das 19.30 horas locais (13.30 de Maputo), prevendo, ela própria, dificuldades acrescidas, pois já é a fina-flor a digladiar-se e os prognósticos quanto às medalhas começam a ganhar mais consistência, com a moçambicana inclusa, após a deslumbrante actuação de ontem.
Na natação, Ximene Gomes conheceu um dia verdadeiramente de sonho, na sua estreia em Jogos Olímpicos. Bem concentrada do ponto de vista psicológico e determinada, ganhou com grande categoria a sua série, com 28.15 segundos, pulverizando o recorde nacional absoluto. Apesar de não ter conseguido a qualificação para a etapa seguinte, porque a sua marca não a coloca entre as 16 melhores dos 50 metros livres, o seu triunfo é, para nós, de ouro, pois vencer uma série na maior competição desportiva planetária é de facto uma obra. E a abnegada Ximene construiu essa obra e fez história nos Jogos Olímpicos. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Zimbabwe chega a acordo parcial de partilha de poder

Um acordo para a formação de um governo de união foi oficializado ontem à noite entre o Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, e uma facção da oposição, mas a principal formação de luta contra o regime pediu "um tempo de reflexão".

"Nós tratámos todos os pontos sobre os quais o Presidente Mugabe e (o chefe dos dissidentes Arthur) Mutambara estão de acordo, mas há desacordo sobre um elemento para o qual (o líder do principal partido da oposição) Morgan Tsvangirai pediu um tempo de reflexão", declarou o mediador (e Presidente) sul-africano Thabo Mbeki.

"Adiámos as negociações a fim de dar a Morgan Tsvangirai o tempo necessário para examinar esses temas", adiantou o Presidente sul-africano à imprensa, após três dias de negociações.

Mbeki, encarregue pelos seus pares da África Austral da mediação política no Zimbabwe, estava em Harare desde sábado para ajudar os três protagonistas de um eventual governo de união a concluírem um acordo de partilha de poder, tendo regressado a casa hoje cedo.

O Zimbabwe mergulhou numa crise sem precendentes desde a derrota histórica do regime de Mugabe nas eleições gerais de 29 de Março. As duas facções do Movimento para a Mudança Democrática (MDC, oposição) ganharam a maioria da Câmara dos Deputados, ao passo que Tsvangirai se posicionou na liderança das presidenciais. Porém, antes mesmo da segunda volta das presidenciais, a 27 de Junho, o líder da oposição retirou-se da corrida, devido às violências e pressões que o regime de Mugabe exerceu contra os seus apoiantes em todo o país e que se saldaram em pelo menos 122 mortos e milhares de deslocados.

A oposição reclama, em nome dessa vitória, o controlo do governo. Mas Mugabe, o mais antigo dos chefes de Estado de África, apoiado pelo Estado-maior do Exército, pela polícia e pelos serviços secretos, não pretende ceder às prerrogativas acumuladas desde a independência da ex-Rodésia britânica, em 1980.

Diante da intransigência de Mugabe e de Tsvangirai, a pequena facção de Mutambara tem um peso estratégico. Sem ela, o MDC de Tsvangirai perde a maioria absoluta no Parlamento.

Acaba de chegar à Geórgia avião militar dos EUA com ajuda


O primeiro avião militar C-17 americano com ajuda já chegou à capital georgiana Tbilisi, levando assistência humanitária - entre alimentos, médicos e remédios, assegurou há pouco a Casa Branca.

O presidente George W. Bush anunciou nesta quarta-feira que enviará a secretária de Estado Condoleezza Rice a Paris, para um conversa com o presidente francês, Nicolas Sarcozy, e depois a Tbilisi, para manifestar a solidariedade dos Estados Unidos para com a Geórgia.

Ele também encarregou o secretário da Defesa, Robert Gates, de encaminhar para a Geórgia ajuda humanitária americana, para o que um primeiro avião militar está a caminho.

Segundo Bush, um C-17 partiu para a Geórgia levando assistência humanitária para ajudar as vítimas do conflito com a Rússia.

"Nos próximos dias", afirmou, vai apelar à força aérea e à marinha para contribuirem com "esse tipo de auxílio"."

O presidente dos Estaods Unidos falou sobre o assunto durante um pronunciamento nos jardins da Casa Branca.

"Enviei a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, à França para um encontro com o presidente Nicolas Sarkozy", frisou Bush, acrescentando que "ela seguirá depois para Tbilisi onde expressará pessoalmente o apoio inquebrantável dos Estados Unidos ao governo democrático da Geórgia", prosseguiu. "Durante a viagem, ela empreenderá esforços para conseguir a adesão do mundo livre à defesa da Geórgia".

No pronunciamento, Bush pediu que a Rússia respeite a soberania territorial da Geórgia e que as tropas russas se retirem do território georgiano.

"Os Estados Unidos da América estão com o governo eleito democraticamente da Geórgia, e insistem em que a soberania e a integridade territorial da Geórgia devam ser respeitadas", afirmou.

Ao lado de Rice e Gates, Bush também preveniu Moscou que o apoio dos Estados Unidos à entrada da Rússia "nas estruturas diplomáticas, políticas, econômicas e de segurança do século 21" estava "ameaçado" pelas atividades do país na Geórgia.

"Estamos preocupados com as informações segundo as quais as unidades russas tomaram posições à leste da cidade de Gori, o que lhes permite bloquear a estrada leste-oeste, ameaçando a capital Tbilisi", acrescentou.

"Para começar a reparar os prejuízos infligidos às relações com os Estados Unidos, Europa e outros países, e para começar a restaurar seu papel no mundo, a Rússia deve manter sua promessa e agir para pôr um ponto final a esta crise", concluiu.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Millennium Challenge Account lança projectos de desenvolvimento em Moçambique

O Millennium Challenge Account Moçambique vai lançar até Dezembro concursos para a aplicação de diversos projectos de desenvolvimento nas zonas centro e norte do país, avaliados em 95 milhões de dólares, anunciou segnda-feira em Maputo fonte institucional.
De acordo com o director-geral do Millennium Challenge Account Moçambique, Paulo Fumane, os projectos abrangem os sectores de cadastro de terras e florestas, tratamento da doença dos palmares, melhoramento dos sistemas de gestão de abastecimento de água e recuperação de vias de acesso naquelas regiões moçambicanas.
Fumane adiantou que os trabalhos deverão arrancar este mês com a realização de estudos técnicos e de viabilidade financeira, sublinhando que o plano de implementação da instituição indica que, até Dezembro do corrente ano, todos os projectos actualmente em preparação serão finalizados.
Ainda este mês, disse, o Millennium Challenge Account Moçambique deverá lançar um concurso para o pacote de consultoria ao nível das empresas, destinado à realização de estudos de viabilidade técnica, económica e financeira dos projectos, num valor estimado em cerca de 78 milhões de dólares.
Na próxima quarta-feira, o Millennium Challenge Account Moçambique vai promover em Maputo uma conferência destinada à divulgação, junto do empresariado moçambicano, dos projectos em preparação, destacou a fonte.
O Millennium Challenge Account Moçambique - instituído em 2007, no contexto de um acordo assinado com o governo norte-americano para a implementação destes projectos - conta com um fundo global de mais de 500 milhões de dólares para serem usados em cinco anos. 

Portugueses inventam o transístor de papel

Equipa de cientistas portugueses da Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa desenvolve o primeiro transístor de papel.

Trata-se de um importante avanço tecnológico que poderá possibilitar a criação de sistemas electrónicos descartáveis de baixo custo.

A pesquisa foi coordenada por dois cientistas portugueses, Elvira Fortunato e o seu marido Rodrigo Martins, do grupo de investigação do Cenimat, o Centro de Investigação de Materiais

O objectivo era o fabrico de transístores descartáveis para uso em sensores biológicos com aplicações na medicina e o resultado foi o transístor de papel, uma descoberta que está a provocar o interesse em todo o mundo.

Elvira Fortunato e a sua equipa utilizaram uma folha de papel comum como camada dielétrica para construir um transístor de efeito de campo (FET - Field Effect Transistor).

O transístor com a camada intermediária de papel apresentou um desempenho eletrónico comparável ao dos mais modernos transístores de filmes finos (TFT - Thin Film Transistors) que, em vez de papel, utilizam camadas isolantes de vidro ou silício cristalino.

Abordagem inovadora

O novo dispositivo rivaliza em performance com as mais avançadas tecnologias de filme fino, com resultados promissores que poderão ser explorados em ecrãs de papel, etiquetas e pacotes inteligentes, chips de identificação ou aplicações médicas.




Actualmente, assiste-se a um crescente interesse da indústria electrónica pelo desenvolvimento de dispositivos com biopolímeros, pois estes potenciam um manancial de aplicações baratas.

A celulose é o principal biopolímero da Terra tendo alguns estudos internacionais recentes relatado a utilização de papel como suporte físico de componentes electrónicos.

Porém, até agora, ninguém tinha recorrido ao papel como parte integrante de um transístor.

Numa abordagem inovadora, o grupo de investigação do Cenimat fabricou dois transístores de filme fino nos quais uma das camadas – o dieléctrico – é uma vulgar folha de papel.

O dieléctrico, ou isolante eléctrico é um componente importante dos transístores.

Um transístor é um dispositivo com três terminais – fonte, dreno e porta. Nos transístores de efeito de campo (FET, Field Effect Transistor) a corrente eléctrica que passa entre a fonte e o dreno é controlada pela tensão aplicada ao terceiro terminal, a porta. A porta tem de estar isolada electricamente da fonte e do dreno.




No Top 5 mundial

A importância da criação de transístores em papel já foi reconhecida internacionalmente com a atribuição a Elvira Fortunato do primeiro prémio na área da Engenharia do European Research Council.

Este prémio por alguns consideram uma espécie de Prémio Nobel europeu, atribuído ao projecto denominado Invisible, dá a Elvira Fortunato uma verba de 2,5 milhões de euros para aplicar na investigação.

O valor da directora do CENIMAT é também reconhecido internacionalmente com a sua colocação pelo European Research Council no Top 5 mundial dos investigadores em electrónica transparente.

O pedido de patente já foi feito e a descoberta vai ser divulgada pelo número de Setembro da revista científica norte-americana Electron Device Letters.

Várias empresas já contactaram Elvira Fortunato com vista à comercialização do transístor de papel.

Governo do Botswana boicota cimeira da SADC devido à presença de Robert Mugabe


Propagandista do regime de Harare expulso do Botswana por imposição de estudantes universitários em Gaberone.
retória, está a ser boicotada pelo governo do Botswana. A decisão prende-se com o facto da delegação zimbabweana ao encontro ser chefiada por Robert Mugabe, o qual não é reconhecido pelo Botswana como presidente legítimo do Zimbabwe. 
De acordo com o ministro tswana dos negócios estrangeiros e cooperação internacional, Phandu Skelemani, o chefe do regime de Harare "não foi eleito democraticamente, razão pela qual a sua liderança é ilegítima". Falando perante o Parlamento do seu país, Skelemani disse, no entanto, que o seu governo reconheceria os resultados das conversações em curso entre a ZANU-PF e o Movimento para a Mudança Democrática (MDC, sigla em inglês) visando a criação de um governo de transição no Zimbabwe. 
Antes da realização da segunda volta das eleições presidenciais no Zimbabwe, o governo do Botswana insurgiu-se contra a forma como estava a ser conduzida a campanha eleitoral, em que o regime no poder desencadeou uma vasta campanha de intimidação contra os apoiantes do candidato da oposição. 
O governo do Botswana denunciou perante a cimeira de chefes de Estado e governo da União Africana (UA), realizada o mês passado no Egipto, a onda de terror orquestrada pelo regime da ZANU-PF, tendo na altura referido que boicotaria reuniões futuras da UA e da SADC caso estas contassem com a presença de Mugabe. 
Bostwana expulsa propagandista de Mugabe 
Entretanto, o governo do Botswana ordenou a expulsão de um agente propagandista do regime de Harare, Caesar Zvayi, que havia sido contratado pela Universidade do Botswana para leccionar sobre comunicação social. Zvayi, que costuma publicar artigos de opinião no jornal diário, Herald, em Harare, denegrindo a oposição ao regime despótico da ZANU-PF, teve de deixar o Botswana na passada sexta-feira. Estudantes da Universidade do Botswana haviam enviado uma carta ao reitor deste estabelecimento de ensino superior, advertindo-o que caso Caesar Zvayi continuasse no desempenho das suas funções, eles "tornariam difícil a vida" do propagandista de Mugabe. 
O agente ao serviço da máquina de propaganda do regime instalado em Harare consta da lista de individualidades que estão proibidas de circular no espaço da União Europeia.

sábado, 2 de agosto de 2008

MISAU manda encerrar fábrica de água Montemor

O Ministério da Saúde, MISAU, mandou encerrar esta semana a fábrica de processamento de água Montemor, localizada na vila da Namaacha. Pesou para esta medida o facto de a firma, não reunir os requisitos necessários para o exercício desta actividade, sob o ponto de vista de saneamento.O comunicado de Imprensa do Ministério da Saúde refere que a tomada da medida decorreu dos resultados da inspecção sanitária que detectou vários problemas no armazenamento da água, deficiente higiene dos trabalhadores, da sala de enchimentos para além da rotulagem.
A Montemor, segundo a nossa fonte, não tem estado a cumprir o regulamento sobre a qualidade da água por ela processada e destinada ao consumo humano.
A título de exemplo, o MISAU aponta a falta de higiene na sala de enchimento. Referiu ainda que à entrada da sala não existe igualmente um local para a desinfecção dos pés e o processo em si é feito manualmente.
`A sala de enchimentos encontra-se completamente alagada e com água a escorrer para o local de armazenamento. Não existe uma desinfecção prévia de vasilhames nem das tampas´, lê-se no documento do MISAU.
No que tange ao retorno ao trabalho, o MISAU refere que ele é condicionado a uma vistoria por parte desta instituição que deverá ser solicitada pela fábrica, logo que forem cumpridas as recomendações feitas pela inspecção sanitária. 
Entretanto, o gestor da Montemor, Alípio Fernandes, refuta as alegações contidas no documento do MISAU por conterem, segundo as suas palavras, alguma inverdade. Afirma que a Água Montemor não possui nenhum problema, tanto mais que, com uma certa regularidade é submetida a testes quer dentro quer fora do país.
`Com a água não existe nenhum problema. A única coisa que foi focada pela equipa de inspecção no local tem a ver com problemas de natureza estrutural como paredes do edifício, mas não acredito que sejam suficientes para o encerramento de uma fábrica´, disse.
Outro pormenor avançado pela nossa fonte e que teria sido mencionado pela equipa de inspecção da Saúde relaciona-se com a falta de bancos no vestiário que, exceptuando esse pormenor, reúne todas as condições exigidas.
Alípio Fernandes disse que segunda-feira é a data do reinício das actividades de rotina na Montemor depois da paragem observada que nada tem a ver com a inspecção da Saúde. 
Explicou que a paralisação ocorreu porque a pintura das instalações não permite que se processe. Assim que os trabalhos terminarem amanhã, segunda-feira retoma-se o trabalho, disse.
Conta que a empresa, com cerca de três décadas de existência, tem há dois anos uma nova gerência que tem introduzido algumas reformas conducentes ao melhoramento da mesma.

Para munícipes de Maputo: Edilidade negoceia crédito para habitação

O Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM) está a negociar com as instituições bancárias a criação de um sistema de financiamento para habitação. A primeira abordagem para esse fim foi estabelecida na útima quarta-feira com a administração do Barclays Bank, durante uma visita que o edil de Maputo, Eneas Comiche, efectuou à sede daquele banco.Falando a jornalistas que acompanharam a sua visita ao Barclays Bank, Eneas Comiche fez saber que, por razões até históricas, a edilidade tem um interesse de ver aquela instituição bancária envolvida no apoio à urbanização da cidade.
Explicou que grande parte das casas de habitação que existem na cidade de Maputo foram construída com o financiamento do Instituto de Crédito de Moçambique, posteriormente transformado em Banco Popular de Desenvolvimento (BPD), hoje Barclays Bank.
Neste contexto e atendendo que o novo plano de estrutura urbana ainda em elaboração vai implicar a criação de novas áreas de urbanização, a edilidade em resposta à promessa de habitação, sobretudo para jovens, gostava de estabelecer uma parceria com aquela instituição bancária para iniciativas de financimento.
Ainda no quadro da perspectiva de relação com o Barclays Bank, Eneas Comiche disse que gostaria de ver aquele banco mais proactivo no apoio à actividade económica e em particular, os pequenos e médios projectos.
A ideia é criar uma capacidade e uma modalidade de financiamento para projectos de geração de emprego e auto-emprego, beneficiando jovens com capacidade vocacional para desenvolver determinados ofícios.
O edil de Maputo levava também na sua visita ao Barclays Bank a ideia de financiamento à actividades agrícolas, nomeadamente a agricultura urbana praticada na cintura verde da cidade de Maputo, a qual conta com cerca de 15 mil produtores e 35 associações.
Segundo explicou, o apoio à actividade agrícola iria contribuir para o aumento da produção, particularmente de hortícolas, não só para abastecer o grande mercado de Maputo, mas também a população de zonas vizinhas.

Governo convida Mugabe para aniversário da Independência


Para assinalar o 40.° aniversário da independência nacional do reino, o governo swázi incluiu o chefe do regime de Harare, Robert Mugabe, na lista dos convidados. Está por confirmar a presença de Mugabe nas celebrações, que este ano coincidem com o 40° aniversário natalício do Rei Mswati III. 
A imprensa local considera que Mugabe poderá não aceder ao convite como forma de protesto contra o papel desempenhado pela Swazilândia enquanto Estado membro da troika da SADC, que em Junho último instou o regime de Harare a não realizar a segunda volta das eleições presidenciais pois as circunstâncias então prevalecentes “comprometeriam a legitimidade e a credibilidade dos resultados”. 
Entretanto, os partidos da oposição e a Federação dos Sindicatos da Swazilândia (SFTU) objectaram contra o convite endereçado a Mugabe. Numa petição entregue ao primeiro-ministro swázi, Themba Dlamini, o Congresso Nacional Libertador de Ngwame (NNLC) referiu que considerava o convite como “uma afronta e falta de sensibilidade para com o sofrimento do povo do Zimbabwe”. Lê-se na petição que o convite significa que a Swazilândia coloca-se ao lado de uma das partes em conflito no Zimbabwe, especialmente numa altura em que ainda decorrem conversações sobre a liderança deste país. 
Para o Partido Popular Unido Democrático (Pudemo), a comunidade internacional passaria a olhar os dirigentes swázis da forma como o faz em relação a Mugabe, caso este dirigente seja autorizado a entrar na Swazilândia. O Pudemo salienta que Mugabe é conhecido pelo mundo fora pela longa lista de crimes cometidos contra a humanidade e por esse motivo não deveria ser convidado a visitar a Swazilândia. 
A SFTU considera que Mugabe “não é o chefe de Estado do Zimbabwe, nem tão pouco foi reconhecido como tal pelos órgãos da SADC e por outras organizações da comunidade internacional. Por essa razão, acrescenta a SFTU, a Swazilândia não pode tratar Mugabe de forma diferente. O dirigente da SFTU, Jan Sithole, salientou que Mugabe havia mergulhado a economia do Zimbabwe no marasmo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Projectada fábrica de telefones celulares

A companhia malaia “M-mobile” está a investir cerca de três milhões de dólares na instalação de uma fábrica de telemóveis em Moçambique. Segundo uma notícia publicada ontem na página do ITNewsafrica.com, a fábrica produzirá entre 50 mil e 70 mil unidades por mês, sendo que os aparelhos serão vendidos em Moçambique, RDCongo, Angola, Quénia, Tanzania, Malawi, África do Sul, Zâmbia, Botswana e Zimbabwe. A “M-mobile” está a apostar no mercado africano porque, segundo justifica, o continente mostra-se aberto a equipamentos da telefonia móvel, cuja expansão tem constituído alternativa aos sistemas de telefonia fixa. Moçambique e Malásia reafirmaram, em Agosto do ano passado, a vontade de desenvolverem as suas relações comerciais, facto traduzido na realização, na cidade de Maputo, de um encontro que juntou empresários e representantes dos governos dos dois países.

`Caso Siba-Siba´ - processo sem pernas para andar

António Jorge Frangouli ex director da PIC da cidade de Maputo disse duvidar da possibilidade de o caso Siba Siba vir a ser exclarecido devido as obstruções verificadas desde o início do caso.Diz não ser razoavel o facto de se estar a procura de autores morais, no lugar de se começar pelos autores materiais ou executores do acto. Para este, não houve vontade política para que a verdade viesse ao de cima. 
Frangouli recorda que logo depois do assassinato de Siba Siba Macuacua houve quem se apressasse em fazer passar a ideia de se ter tratado de um suicídio o que foi logo desmentido pelas evidências.
Almerino Manhenje, ministro do interior na altura referiu que a polícia sul africana faria a recolha das impressões dautoscópicas de que fazem parte as impressões digitais, mas estes só chegaram a Maputo 10 horas depois e sem material para trabalhar tendo deixado o traballho para o dia seguinte.
Segundo Frangouli há ainda outros factos que não foram imediatamente tomados em conta dentre os quais o não isolamento do local do crime. este afirma que quando chegou ao local o comandante da polícia já havia retirado a agenda do malogrado do seu escritório. Tudo foi feito, menos isolar o local do crime.
Para Frangouli o caso esta sem pernas para andar, o facto de todos estarem a ser ouvidos como declarantes vem realçar esta ideia. Na opinião de Frangules, é um erro crasso partir-se para a investigação de um caso criminal com preconceitos pois tal afunila todo trabalho. 
Para este, o caso Siba Siba só pode encontrar explicação no seio dos devedores do banco mas, não quer isso dizer que esse tenha sido o motivo para o seu assassinato. Este refere três aspectos que possam ter culminado com a morte de Siba Siba, a fúria de alguns devedores do Banco Autral, questões relativas a supervisão bancária do Banco Central e aspectos de indole social. 
Frangouli relata que para este caso destacou dois investigadores para trabalharem exclusivamente no caso e dada a sufisticação do crime estes solicitaram através de um requerimento um montante no valor de um milhão de meticais( um bilião na antiga familia), matérial para poder traballhar na investigação mas nenhum desses pedidos foi atendido. O que aconteceu foi ver este requerimento publicado no jornal SAVANA dai concluir que se tenha tratado deste caso como um qualquer. 
Em Março de 2002 Joaquim Madeira na altura PGR disse num discurso na AR que em condições normais o caso Siba Siba já deveria ter terminado mas dado as exigências feitas pelos investigadores o caso teve de parar. 
Nos últimos três a cinco anos o caso anda adormecido sendo posto em andamento quase sempre a menos de um mês da passagem de mais um 11 de Agosto data em que o economista foi assassinado e este ano não fugiu a regra o que sugere que pode ser uma estratégia de news management com objectivo de entreter sectores desatentos da opinião pública.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Direitos Humanos: Amnistia Internacional acusa China de ter quebrado promessa olímpica

A dez dias da abertura oficial dos Jogos Olímpicos, a Amnistia Internacional acusa a China de não ter honrado a promessa de melhorar o cumprimento dos direitos humanos no país. Segundo um relatório divulgado ontem, a situação deteriorou-se mesmo nos últimos sete anos e a competição está a ser usada para reforçar a repressão contra activistas e dissidentes.
O relatório faz um retrato da situação no país desde 2001, ano em que a China foi escolhida para organizar os Jogos de 2008 e se comprometeu junto do Comité Olímpico Internacional (COI) a adoptar medidas para melhorar a situação dos direitos humanos no país, em linha com a Carta Olímpica. 
“Não houve progressos com vista ao cumprimento destas promessas, apenas uma deterioração continuada”, concluiu o autor do relatório apresentado ontem em Hong Kong, sob o título “Contagem decrescente olímpica – as promessas quebradas”. 
Segundo o relator da organização de defesa dos direitos humanos, “as autoridades usaram os jogos Olímpicos como pretexto para continuarem e, em alguns aspectos, intensificarem as políticas e práticas existentes que conduziram a violações graves e disseminadas dos direitos humanos”. 
Nos últimos meses, acrescenta o documento, o regime comunista, reforçou a perseguição a jornalistas, advogados e activistas para “silenciar os dissidentes” à medida que a atenção internacional se centrava na China e, em alguns casos, as autoridades chegaram mesmo a intimidar as famílias dos opositores.
A Amnistia Internacional não poupa também o COI, a quem acusa de incapacidade para forçar Pequim a cumprir o caderno de encargos que assumiu em 2001, “passando a mensagem de que é aceitável um Governo organizar os Jogos Olímpicos numa atmosfera caracterizada pela repressão e perseguição”.
“A menos que se assista a uma mudança radical da parte das autoridades chinesas, a herança dos Jogos não será positiva para os direitos humanos na China”, avisa a organização, que repete o apelo para que o COI e a comunidade internacional convençam Pequim a adoptar medidas rápidas para salvar a face. 
No relatório são apontadas cinco medidas que o país poderá adoptar no curto prazo, que constavam já de uma carta enviada recentemente ao Presidente chinês, Hu Jintao. Entre elas, a “libertação de todos os detidos por delitos de opinião” e a adopção de medidas para “impedir a polícia de proceder a detenções arbitrárias de signatários de petições”. a AI quer também que as autoridades garantam “liberdade total” aos jornalistas que vão acompanhar as Olimpíadas e dêem conta “de todos aqueles que foram mortos ou detidos durante as manifestações de Março de 2008 no Tibete”. Por último pede que sejam publicadas “na totalidade” as estatísticas sobre pena de morte e se aplique uma moratória às execuções.
O Governo chinês já reagiu às acusações que lhe são feitas, sustentando que “aqueles que conhecem a China não podem estar de acordo com este relatório”. “Esperamos que [a AI] tire os óculos fumados que usa há muitos anos para ver que, por fim, consiga ver a China de forma objectiva”.

Falta um pouco de tudo no Centro de Saúde de Kongolote


 O centro de saúde de Kongolote, no Municipio da Matola, ressente-se da falta de pessoal médico para responder à demanda dos seus serviços, principalmente para atender aos casos de maior gravidade, com maior incidência a malária, e “doenças oportunistas” resultantes do HIV/Sida. Este facto foi revelado ao Canal de Moçambique por Aina Rachide, directora técnica daquele centro de saúde. 
Disse ainda que a exiguidade de espaço condiciona o número de atendimentos por dia, pois as seis salas actualmente em uso não satisfazem os anseios da sua instituição, que segundo sustenta, passam por cobrir um cada vez maior número de pacientes do lugarejo. “Mesmo assim a média atinge as 300 ou 400 pessoas por semana, com maior incidência para as crianças dos três aos 10 anos padecendo de doenças diarreicas, gripe, malária e outras com problemas que procuram desparasitação. 
Aina Rachide lamenta a falta de um laboratório de análises. Diz que se recorre ao uso de um sistema pouco eficiente. Chama à atenção para a falta de uma viatura para a evacuação de doentes graves, neste caso para o posto hospitalar de Ndalavela. 
A finalizar, e naquilo que considerou de falta de sentido de oportunidade, Aina Rachide criticou o facto de alguns seropositivos não participarem das palestras ministradas por uma associação não governamental denominada Ocosida, pois nestas “ há mensagens com horizontes definidos e claros para este tipo de doentes” e que acabam continuando sendo desconhecidas para quem delas precisava de conhecer.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Presidente iraniano quer partilhar "base comum" com o Ocidente

O Presidente iraniano indicou, numa entrevista difundida hoje pela cadeia de televisão NBC, que se os Estados Unidos tiverem uma nova abordagem em relação ao Irão, então nesse caso Teerão irá responder positivamente. Mahmoud Ahmadinejad indicou igualmente que quer partilhar uma “base comum” com o Ocidente.
Falando a menos de uma semana do fim do prazo para a resposta de Teerão ao pacote de incentivos oferecido pelo grupo composto pelos EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha (G-6), Ahmadinejad disse à televisão americana que um acordo com o Ocidente depende na sinceridade de uma mudança da abordagem dos EUA face a Teerão.
Os responsáveis ocidentais indicaram que depois do encontro, em Genebra, entre o negociador do dossier nuclear iraniano com o chefe da diplomacia europeia, no dia 19 de Julho, que Teerão teria duas semanas para responder à oferta ocidental do congelamento de novas sanções internacionais contra o país, em troca do congelamento do programa nuclear iraniano. 
O prazo para uma resposta termina no sábado. “Eles ofereceram um pacote [de incentivos] e nós respondemos com o nosso próprio pacote”, disse Ahmadinejad, falando à NBC por intermédio de um tradutor, numa entrevista que a estação de televisão difundiu hoje.
“É muito natural. Num primeiro momento, vamos negociar os itens que tenham uma base comum nos dois pacotes. Se as duas partes conseguirem chegar a um acordo, isso irá ajudar-nos a trabalhar sobre as nossas diferenças, a fim de chegarmos a um acordo”.
Ahmadinejad negou mais uma vez que o Irão esteja a tentar conceber a bomba atómica, tendo dito que as armas nucleares estão desactualizadas. 
Ahmadinejad disse ainda à NBC: “A questão principal aqui é saber se isto [a oferta do pacote de incentivos] é a continuação da antiga abordagem, ou se é uma abordagem totalmente nova. Se isto é a continuação do processo antigo, o povo iraniano precisa de defender os seus direitos e os seus interesses”, disse. “Mas se a abordagem mudar, nesse caso estaremos perante uma nova situação e a resposta do povo iraniano será positiva”. 
Os Estados Unidos alertaram o Irão para a possibilidade de enfrentarem sanções mais pesadas se Teerão não cumprir o prazo. Washington não afasta a possibilidade de levar a cabo uma acção militar, se a diplomacia falhar.

Zimbabwe introduz nova nota de 100 biliões de dólares

Os problemas económicos do Zimbabwe estão a obrigar os zimbabweanos a familiarizarem-se com números gigantescos, na casa dos quatriliões, quintiliões e sextiliões.
Na segunda-feira o governo de Harare introduziu a nova nota de 100 biliões de dólares zimbabweanos (nove zeros) que, no momento, compra dois pães.
A contagem de zeros já se transformou num pesadelo para bancários e lojistas antes mesmo da introdução da nova nota.
Apenas em 2008, o governo do Zimbabwe devastado pela hiperinflação já lançou notas de 100 milhões, zimbabweanos.
Todas elas já perderam o valor e é comum para os zimbabweanos falarsobre suas despesas diárias usando
números que avançam pela casa dos triliões (12 zeros).
A taxa anual de inflação do Zimbabwe chegou a 2,2% ao ano, segundo dados oficiais divulgados no meio do mês de Julho.
Cortando zeros
O economista zimbabweano John Robertson colocou um gráfico na parede do escritório dando nomes aos números que chegavam ao dobro do trilião.
E, de acordo com alguns zimbabweanos, outra técnica usada para se familiarizar com as quantias é a de cortar zeros, pois a maioria das calculadoras simplesmente não tem dígitos suficientes.
Caixas registadoras, computadores de bancos e os sistemas em geral estão também a lutar para lidar com o excesso de zeros na economia.
Como resultado, os bancos concordaram recentemente em cortar seis zeros em transações em documentos.
Para o economista John Robertson, dentro de um mês eles serão obrigados a cortar outros três zeros.
Outra técnica comum para manter os zeros sob controle é pensar em termos de dólares americanos.

Família Mandela dividida quanto a partilha de bens patrimoniais


Graça Machel, esposa do líder histórico do ANC e antigo chefe de Estado sul-africano, Nelson Mandela, foi chamada a mediar um conflito que grassa há algum tempo no seio da família do carismático estadista. A julgar pelos dados revelados na edição de ontem do semanário «Sunday Times» de Joanesburgo, a viúva de Samora Machel e antiga primeira-dama moçambicana não foi bem-sucedida nos seus esforços como mediadora. 
A disputa culminou no último fim-de-semana com o boicote das celebrações do 90° aniversário natalício de Nelson Mandela por parte dos filhos da segunda mulher de Mandela, a senhora Winnie Madikizela-Mandela. Esta também esteve ausente da festa de aniversário realizada na terra natal de Nelson Mandela, Qunu, no Cabo Oriental. Os filhos de Mandela não compareceram à festa apesar dos insistentes apelos feitos por ele próprio e pelo seu neto favorito, o chefe tradicional Mandla Mandela. 
De acordo com o «Sunday Times», Winnie Madikizela-Mandela, as filhas Zindzi e Zenani, assim como os netos, recusaram comparecer à festa de aniversário por se sentirem ressentidos pelo facto de terem sido postos de parte em questões familiares. 
As duas filhas do casamento de Mandela com Winnie não aprovam a utilização de uma garrafa de bebida alcoólica contendo uma mensagem de felicitações dos filhos e netos de Mandela, garrafa essa produzida no âmbito da angariação de fundos pela Fundação Nelson Mandela. Refere a carta: “As instituições do legado Mandela havia tomado a decisão de que a imagem do Tata (Nelson Mandela) não deveria estar associada a produtos como tabaco, bebidas alcoólicas ou medicamentos”. A carta acrescenta que a decisão tomada pela filha do primeiro casamento de Mandela, Makaziwe, em utilizar um produto alcoólico para promoção da imagem de Nelson Mandela era “inapropriada”. 
As filhas de Winnie Madikizela-Mandela também manifestaram o seu desagrado pela forma como foram feitos os preparativos do concerto musical realizado em Londres no âmbito dos festejos do 90° aniversário natalício de Nelson Mandela. O semanário que temos vindo a citar refere que as filhas de Winnie Madikizela-Mandela consideram que “o concerto foi monopolizado por artistas oriundos de Moçambique, Estados Unidos e Londres”. Graça Machel terá tido papel de relevo na inclusão de artistas moçambicanos no leque de participantes ao referido concerto. 
Divisão de Bens Patrimoniais 
A família Mandela está ainda dividida quanto à forma como os bens patrimoniais de Nelson Mandela irão ser distribuídos após a sua morte. Nelson Mandela terá sugerido durante uma reunião familiar realizada numa propriedade agrícola sua situada na província do Limpopo, que “uma grande percentagem dos seus bens patrimoniais destinar-se-iam à Fundação Nelson Mandela. Uma outra porção seria dada a Graça Machel e ao neto, o já referido chefe tradicional Mandla Mandela, enquanto que o resto seria repartido entre os filhos dos dois primeiros casamentos de Nelson Mandela.