segunda-feira, 16 de junho de 2008

Ameaça de guerra no Zimbabwe


O chefe do regime de Harare, Robert Mugabe, disse este fim-de-semana que “enquanto for vivo, a oposição nunca governaria o Zimbabwe” e que ele “estava pronto a ir para a guerra” de forma a assegurar que o seu adversário na segunda volta da eleição presidencial, Morgan Tsvangirai, não o destitua do poder no escrutínio do próximo dia 27. Falando numa cerimónia fúnebre realizada Sábado último, Mugabe disse que o Zimbabwe “não mais voltará a ser governado e controlado por brancos, quer directa ou indirectamente.” As ameaças de Mugabe ocorrem numa altura em que o seu regime intensifica a campanha repressiva contra a oposição, prendendo, raptando e assassinando membros e simpatizantes do Movimento para a Mudança Democrática (MDC). O caso mais recente envolveu o secretário-geral do MDC, Tendai Biti, que foi detido no aeroporto de Harare quinta-feira última (12 de Junho), sob a acusação de “traição” e de “publicação de informações prejudiciais ao Estado”. O regime fundamentou a prisão arbitrária no facto de em Abril, Biti ter divulgado os resultados das eleições de 29 de Março, com base no apuramento feito em assembleias de voto. Dois dias após a sua detenção, Biti compareceu em tribunal algemado e acorrentado, como se tratasse de um perigoso cadastrado. Num espaço de uma semana, o líder do MDC, Morgan Tsvangirai, foi detido três vezes pela polícia fiel ao regime. A detenção de Morgan Tsvangirai seguiu-se à denúncia por ele feita de que efectivos do exército haviam sido desdobrados em diversos pontos do país como parte da estratégia do regime para impedir que o eleitorado vote livremente na segunda volta da eleição presidencial. A par desta medida, o regime deu instruções aos comandos das forças armadas e da polícia para que os seus membros e familiares preenchessem boletins de voto postais a favor de Robert Mugabe. A forma como está a decorrer a campanha eleitoral levanta sérias dúvidas quanto à possibilidade de um escrutínio livre e justo, facto que levou o secretário-geral do Congresso dos Sindicatos da África do Sul (Cosatu), Zwelinzima Vali, a aconselhar o Presidente Thabo Mbeki a não reconhecer Mugabe na eventualidade deste vir a ser declarado vencedor. Vali disse que pelas mesmas razões, os membros do regime de Harare deveriam ser proibidos de entrar em território sul-africano. Helen Zille, líder da Aliança Democrática, principal partido da oposição na África do Sul, disse “ser agora tarde demais para assegurar eleições livres e justas no Zimbabwe dado que Mugabe estava a desencadear uma guerra de intimidação contra o seu próprio povo.”

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