sexta-feira, 20 de junho de 2008

Indícios de mega-corrupção envolvendo director da escola

Informações na posse do «Canal de Moçambique» apontam para o desaparecimento de 8 milhões de meticais da escola, 8 computadores e 400 sacos de cimento de construção, também pertencentes à escola, onde José Alberto Mazive, director da escola, é o indiciado. Mazive não recusa nem confirma o desaparecimento deste material, e não comenta o seu envolvimento no caso, apenas afirma: “a inspecção da educação está a fazer o seu trabalho, vamos esperar pelo relatório final”.
Fonte ligada à Escola Secundária Josina Machel (ESJM), uma das maiores instituições públicas de ensino secundário da cidade de Maputo e do país, informou o «Canal de Moçambique» sobre um alegado desaparecimento de oito (8) milhões de meticais do fundo escolar, seis (6) computadores novos doados à escola pela Primeira-dama de Portugal, aquando da sua recente visita a Moçambique e do desvio de 400 sacos de cimento destinados à reabilitação em curso daquele estabelecimento de ensino que está a cair aos bocados. A mesma fonte confidenciou-nos ainda que “José Alberto Mazive”, director da referida instituição, desde Fevereiro do corrente ano, “é o responsável pelo desaparecimento dos fundos e bens da escola” e acrescentou que “a Polícia de Investigação Criminal (PIC) ao nível da cidade de Maputo e a Inspecção do Ministério da Educação (MEC) estão a investigar o director da escola, pelo seu alegado envolvimento no desaparecimento dos bens e fundos da escola”.

Guardas confirmam ocorrência de roubo

Dois agentes de guarnição da referida escola contactados pelo autor deste artigo ao comentarem o assunto disseram o que sabem em relação com o caso aqui exposto e revelaram ter conhecimento do “desaparecimento de computadores”. “Já ouvi falar sim do desaparecimento de alguns computadores da escola, mas…”, disse reticente um dos guardas da escola, que pediu anonimato. Outro guarda da Escola Secundária Josina Machel, chegou a dizer que “dois dos meus colegas foram chamados na direcção para falarem sobre o desaparecimento de bens da escola, mas eu não posso dizer mais nada”. Este homem da segurança da escola, à semelhança do seu companheiro ouvido antes dele, também apelou reiteradamente para que ocultássemos a sua identidade.

Polícia diz não ter conhecimento do caso

Pedro Cossa, porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), abordado pelo «Canal de Moçambique» para se pronunciar sobre o caso acima descrito, e que alegadamente “está sendo investigado pela PIC”, disse ainda não ter conhecimento do mesmo. “Ainda não tenho conhecimento deste caso”, disse Cossa ao jornalista deste diário e acrescentou: “vou procurar informar-me sobre o caso depois lhe dou mais pormenores”. Só que até ao fecho desta edição ainda não tínhamos recebido nenhuma informação vinda desta fonte policial.

Vice-ministro da Educação "dribla-nos" e distancia-se do caso

O Dr. Luís Covane, vice-ministro da Educação e Cultura (MEC), contactado pelo «Canal de Moçambique» para dizer o que sabe sobre o alegado desaparecimento de bens da escola secundária Josina Machel e que envolve, como alegam várias fontes, o seu director-geral, prometeu-nos informar-se “com a inspecção para depois fornecer dados colhidos concretos”. Porém, passado um dia após o contacto com Covane, este, ao invés de “fornecer dados da inspecção” como havia prometido, encaminhou-nos ao director de Educação e Cultura da Cidade de Maputo (DECC), Dr. Gideão.

Gideão confirma haver trabalho de inspecção na ESJM mas diz não saber da sua
motivação

Já em contacto com o director da DECC, Dr. Gideão, este afirmou ter conhecimento de haver trabalho de inspecção na «Josina», mas disse não ter pormenores. “Sei que a inspecção do MEC está a fazer um trabalho na «Josina Machel», mas não sei porquê”, disse o director de Educação e Cultura da Cidade de Maputo, acrescentando que “isso é tudo quanto sei acerca do assunto”. Questionado sobre se sabia do desaparecimento de bens da escola, Gideão afirmou: “nada mais sei, apenas sei que a inspecção do ministério estás a fazer trabalho na Josina Machel”. A fonte que nos foi indicada pelo vice-ministro da educação para nos esclarecer sobre o caso da «Josina Machel» nada mais teve para esclarecer o «Canal de Moçambique».

José Mazive não nega nem confirma seu envolvimento

Já em contacto com a personagem que é indicada como sendo a principal figura do caso, o director da ESJM, este não confirmou nem recusou o seu alegado envolvimento no desaparecimento de bens e fundos da escola. “Prefiro não comentar sobre isso. Vamos deixar a equipa da inspecção trabalhar” disse Mazive em contacto telefónico com o autor deste artigo. Questionado sobre a motivação da inspecção, isto é da equipa do ministério que está a trabalhar junto da instituição que dirige, Mazive respondeu-nos nos seguintes termos: “Estou a ver somente a inspecção a trabalhar. Penso que é mais uma inspecção de rotina. Não fui avisado de nada”. Numa insistência do repórter, que queria saber se haveria algo desaparecido na escola, Mazive disse: “És a segunda pessoa que me fala sobre este caso, mas eu prefiro não comentar porque não sei de nada”. Insistindo ainda sobre se a primeira-dama de Portugal havia doado computadores à escola, aquando da sua última estadia em Moçambique, e se podia dizer quantos e onde estão tais computadores, Mazive insistiu em não esclarecer nada. “Desculpe, mas já disse que prefiro não falar deste assunto. Vamos deixar a inspecção trabalhar”, disse Alberto Mazive.

Nunca fui notificado pela PIC

Em mais uma insistência extrema, o jornalista do «Canal de Moçambique» questionou ao director da «Josina Machel» se havia sido notificado pela PIC para esclarecer este caso relacionado com o desaparecimento de fundos e bens escolares. Respondeu da seguinte forma: “Nunca fui notificado pela PIC, em toda a minha vida” A terminar o director da Escola Secundária Josina Machel, disse estar disponível para esclarecer tudo quanto sabe acerca deste assunto, depois do trabalho da inspecção ter terminado. Oportunamente contamos voltar ao assunto para novos esclarecimentos. Para já fica-se entre o que consta e as versões de todas as partes que poderiam ter algo a dizer sobre este caso.

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