segunda-feira, 16 de junho de 2008

Ministério do Interior reconhece recrudescimento da Criminalidade

O Ministério do Interior, através do seu Comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM), Luís Maqueza, acaba de reconhecer o que todo mundo já sabia – o recrudescimento da criminalidade na cidade de Maputo. Tal reconhecimento foi feito na Assembleia Municipal, reunida na sua XXIII Sessão Ordinária, em virtude de os membros da referida assembleia terem instado o comando da PRM sob alçada política do ministro José Pacheco a prestar o informe sobre a situação da ordem e segurança públicas na cidade de Maputo. Luís Maqueza disse que "os Distritos Municipais 5 e 3 conheceram um recrudescimento da criminalidade com 144% e 64% respectivamente, comparativamente ao período de Janeiro a Abril de 2007". Ele considera ainda que "os bairros da Sommershield, Polana Cimento, Malhangalene, Laulane, Mahotas e Ferroviário, são os bairros com maior incidência de casos criminais". Como consequência, "foram subtraídos vários bens aos cidadãos, instituições e empresas com destaque para 196 viaturas; 420 televisores; 137 computadores; 1.192 telemóveis; 1.476.042 meticais e 52.465USD". Entretanto refere que "os crimes ocorrem principalmente no interior dos bairros periféricos, nomeadamente Mafalala, Maxaquene, Chamanculo, Luís Cabral, Polana Caniço, entre outros com deficiente ordenamento urbano e iluminação pública". Num documento com 28 páginas, agora na posse do «Canal de Moçambique», o Comandante da PRM ao nível da cidade de Maputo, Luís Maqueza, de forma geral, deixa perceber o incremento de casos criminais através de números, no período de Janeiro a Abril de 2008. Segundo o documento, quando a situação criminal no período de Janeiro a Abril do corrente ano é comparada com igual período de 2007 em toda a cidade de Maputo fica-se com um cenário estatisticamente irrelevante pois tudo se dilui verificando-se no fim de contas apenas um incremento de 1%. Com efeito, de Janeiro a Abril de 2008 "foram registados 4.010 crimes diversos contras contra 3.933 do igual período do ano anterior", escreve o documento que de seguida faz uma análise desses crimes de acordo com os distritos municipais. Excluindo os Distritos Municipais 2 e 4 a que correspondem Catembe e Inhaca, e que conheceram um decréscimo nos seus índices de criminalidade "o Distrito Municipal 1, dadas as características específicas que apresenta com destaque à existência da rede comercial, mercado central de Maputo, entre outros sectores, incluindo os de diversão, continua a constituir o maior foco de delinquência. Registou 30% do total dos crimes conhecidos". "Os Distritos Municipais 3, 2 e 5 registaram 757 casos contra 543; 738 contra 785 e 667 contra 548 casos respectivamente" no igual período de 2007. Por outro lado, escreve-se no mesmo documento que "do total dos crimes registados, a maior cifra coube aos crimes contra propriedade, com 2.900 casos contra 2.745 do ano transacto". Desses, 179 foram protagonizados com recurso a armas de fogo, com destaque para metralhadoras AKM contra os anteriores 121. Na família de crimes contra pessoas ocorreram 1.073 casos contra 1.154.

Instituições na mira dos criminosos

A uma dada altura, documenta-se ainda que dos 4.010 crimes diversos protagonizados nos primeiros 4 meses do ano corrente, 1.332 se verificaram dentro de residências, empresas e instituições. Todavia, "torna-se difícil a sua prevenção devido ao facto de alguns deste locais estarem protegidos por vigilantes de empresas de seguranças" diz a Polícia que refere ainda que consequentemente, o facto "reduz em muitos casos a atenção da Polícia sobres esses locais". Por outras palavras o que a PRM nos vem dizer é que os casos ocorrem mais porque a corporação está limitada pela presença de seguranças de empresas privadas nas empresas onde se registaram as ocorrências no perído em referência.

Homicídios Voluntários versus Linchamentos

De entre os 1.073 delitos contra pessoas, destacam-se 27 homicídios voluntários contra 34 em igual período de 2207, o que significa uma redução de 7 casos. Destes, 6 foram linchamentos ocorridos nos bairros de Magoanine "A", com 3 casos; Luís Cabral, com 2 casos e Polana Caniço com 1 caso. Sobre estes assuntos, Luís Maqueza disse que "a PRM está a prosseguir com diligências no sentido de encontrar os verdadeiros autores para serem penalizados pelos actos cometidos porque a ninguém a lei permite que faça justiça pelas próprias mãos".

Acidentes de viação crescem

De Janeiro a Abril deste ano foram também registados 716 acidentes de viação contra 482 de igual período de 2007. Isso revela uma subida de 234 casos, tendo resultado em 53 mortos, 192 feridos graves e 388 ligeiros. Os danos materiais avultados atingiram a cifra de 287 viaturas e ligeiros de 617.

Resultados operativos

Segundo o documento em causa, dos 4.010 crimes, 2.622 foram esclarecidos, dizendo a corporação em Maputo que isso corresponde a uma operatividade Policial de 65%. Foram ainda detidos nesse período 2.841 indivíduos indiciados de prática de diferentes crimes. Apenas vinte (20) deles são estrangeiros. A PRM revela ainda no documento que estamos a citar que os seus agentes desmantelaram 58 quadrilhas de malfeitores especializados em diferentes crimes. Dessas quadrilhas 17 albergavam 80 indivíduos especializados em roubos com recurso a armas de fogo.

Lojas que albergam productos roubados

A PRM, de entre os diversos “constrangimentos” ainda “não ultrapassados” e com os quais os agentes da corporação dizem confrontados no seu dia-a-dia de trabalho, destacam a proliferação de barracas licenciadas à venda de peças e pneus usados para viaturas. "Partes dessas peças são de viaturas roubadas e desmontadas para sua posterior revenda", refere o documento. Ainda de acordo com o documento, para além da existência de sindicatos de falsificação de documentos, cartas de condução, livretes, passaportes e bilhetes de identidade, "verifica-se a proliferação de barracas de venda de bebidas alcoólicas, algumas nas proximidades de grandes estabelecimentos de ensino. É o caso de Museu e Estrela Vermelha, tidos como focos de venda e consumo de drogas".

Principais dificuldades da PRM

Neste capítulo, também não existem novidades. A corporação continuam a dizer que dispõe de verbas curtas. Queixa-se de exiguidade financeira; falta de alimentação para os agentes policiais, principalmente para os que cumprem 24 horas de serviço. Diz também que tem falta de meios circulantes e de comunicação para que possa melhorar o seu desempenho.

Sem comentários: