quinta-feira, 19 de junho de 2008

Líder do ANC sul-africano duvida que segunda volta das presidenciais será livre e justa


Jacob Zuma, líder do ANC, partido no poder na África do Sul, disse duvidar que a segunda volta das eleições presidenciais do Zimbabué serão livres e justas. Em declarações à agência de notícias Reuters, Zuma disse se o pleito eleitoral do próximo dia 27 for livre, as pessoas poderiam gabar-se de terem sido "bafejadas pela sorte". As declarações de Zuma foram proferidas quando o chefe de Estado da África do Sul, Thabo Mbeki, preparava-se para um encontro com o chefe do regime da ZANU-PF em Harare. Um porta-voz da Presidência da Republica sul-africana não deu pormenores quanto ao tema das discussões entre Mbeki e o universalmente detestado chefe do regime da ZANU-PF. Presume-se que o presidente sul-africano tenha tentado persuadir Mugabe a desistir de tentativas de última hora para se manter no poder, numa altura em que as condenações da sua desastrosa política surgem de todos os quadrantes, envolvendo figuras políticas, líderes religiosos, sindicalistas, académicos, activistas dos direitos humanos, jornalistas, diplomatas e até mesmo conhecidas personalidades que até há bem pouco estavam do lado de um regime alicerçado na fraude eleitoral. Aumentam de intensidade as pressões exercidas sobre os Estados membros da SADC, organismo que em princípio deveria colocar-se na dianteira dos que estão apostados na consolidação da democracia na região Austral do continente africano. As federações sindicais da África Austral, reunidas na sede da Organização Internacional do Trabalho em Genebra, adoptaram uma lista de 11 pontos para solução da grave crise política prevalecente no Zimbabwe, corolário da política preconizada pelo regime liderado por Robert Mugabe. O chefe da missão de observadores do Parlamento Pan-Africano, Marwick Khumalo, disse ontem ter tomado conhecimento de casos dramáticos de violência política que ocorrem em diversas zonas do Zimbabwe. Khumalo referiu que a situação era de tal modo grave que contrastava com os incidentes ocorridos durante a campanha eleitoral que antecedeu o escrutínio de 29 de Março último. Com o descaro que lhe é peculiar, Mugabe tenta agora passar de algoz a vítima da violência orquestrada pelo seu próprio regime. Num comício político realizado na passada segunda-feira, Mugabe ameaçou mandar prender os líderes da oposição por, alegadamente, serem os responsáveis pela onda de violência e intimidação política que ameaça submergir todo o país. As verdadeiras vítimas são, efectivamente, todos aqueles conotados com o maior partido da oposição, o Movimento para a Mudança Democrática, e que nas últimas eleições arredou a ZANU-PF do poder. Os casos documentados por associações de médicos, instituições dos direitos humanos e organizações religiosas demonstram que o rapto, o assassinato, a tortura, as prisões arbitrárias de membros e simpatizantes do MDC e a repressão movida contra pacíficos aldeões das zonas rurais do Zimbabué ostentam o timbre de um regime que, por índole, desrespeita os mais elementares direitos dos cidadãos, e que recorre à fraude para se manter no poder contra a vontade da esmagadora maioria do povo zimbabueano.

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