quinta-feira, 24 de julho de 2008

Crise política instalada na Renamo

Está, claramente, na província de Manica, instalada uma crise política no maior partido da oposição, a Renamo. Vários membros daquela formação política, acusam a sua direcção máxima de impor um candidato a concorrer pelo partido para a autarquia de Chimoio sem que tenha vencido as eleições internas. Consideram o facto um atentado às normas mais elementares da democracia. Agora o mesmo está a acontecer em Gondola, uma nova autarquia do role de 43 em todo o país onde a 19 de Novembro próximo haverá eleições municipais depois de nas última autárquicas ter havido eleições em apenas 33 municípios. 
Localmente tem-se chamado “eleições internas” ao trabalho que grupos de trabalho formados centralmente pelo partido têm estado a fazer nas autarquias para encontrarem as listas de candidatos às autárquicas de Novembro. Estes preferem falar antes de processos de auscultação em vez de eleições internas ao que tem estado a promover-se. 
Já ocorreu haver processos de auscultação, como lhe chamam as brigadas enviadas de Maputo às bases, em que o processo de auscultação tem sido até promovido em duas rondas tidas como “segunda volta” por quem entende chamar-se “eleições”. 
Esta situação a que uns chamam “eleições” e outros “auscultação” tem estado a criar “crise política na Renamo em Manica. Desta vez, depois de algo semelhante se ter verificado em Chimoio, ocorre na sede distrital de Gondola, uma nova autarquia recentemente criada que no próximo ano terá o estatuto de município. 
Depois de Chimoio, eis que, quadros do maior partido político da oposição em Moçambique decidem agora também em Gondola promover um abaixo-assinado que deverá ser dirigido ao líder daquela formação política, Afonso Dhlkama, em protesto contra a indicação de um candidato não favorito para concorrer pelo partido a edil do futuro município de Gondola. 

Candidato da auscultação 

Na vila sede do distrito de Gondola o processo eleitoral decorreu numa espécie de eleição, mas que outros chamam de auscultação, tendo o candidato, apenas identificado por Rock, sido o indicado pela direcção da Renamo mais precisamente pelo respectivo secretário-geral, Ossufo Momade, embora rejeitado imediatamente pelos membros que se fizeram presentes na conferência dirigida pelo respectivo secretário geral da Perdiz. 
Os membros descontentes da "Perdiz" acusam o secretário geral do partido, de ter indicado um candidato desconhecido, daí que decidiram efectuar, esta semana, um abaixo-assinado, tal como terá acontecido em Chimoio, devendo a carta de repúdio igualmente ser entregue ao presidente da referida formação política, Afonso Dhlakama, assim que estiver de visita à província de Manica. 
O membro da Junta Nacional de Salvação da Renamo, Saimon Muterua, avançou que esta posição que acaba de ser tomada por seus correligionários em Gondola, surge da necessidade da “observação do respeito pela democracia instalada no país”. “O objecto é restaurar a democracia e garantir o seu respeito, na Renamo"- disse Saimon Muterua porta-voz do mencionado grupo, em exclusivo ao «Canal de Moçambique». 
As eleições primárias na Renamo estão aparentemente manchadas em Chimoio e Gondola, factor que poderá comprometer o curso das autárquicas por parte da Renamo, nestes dois locais, onde a direcção do partido é acusada de indicar pessoas “rejeitadas”, a concorrer para edis, nas próximas eleições marcadas para 19 de Novembro. 
Há, no entanto, quem considere que o que está a acontecer tanto na capital provincial, Chimoio, como em Gondola, é uma forma da direcção do partido liderado por Afonso Dhlakama se precaver de uma ala “com pouca expressão”, ligada a uma auto-denominada “Junta de Salvação Nacional” que sob a alegação de maioria interna “está a tentar subverter o partido por dentro”. 
No processo de busca de candidatos, fontes da Renamo dizem que as suas brigadas que têm ido da sede trabalhar aos meios onde se realizarão eleições autárquicas a 19 de Novembro próximo – e note-se aqui que em todo o país são 43, entre cidades e vilas – têm estado apenas a auscultar os aparelhos do partido e não a promover propriamente eleições. 
Os nomes que têm estado a ser recomendados pelas ditas bases, nem sempre correspondem à opinião de algumas maiorias circunstanciais formadas em certos encontros de auscultação. Estas ditas maiorias circunstanciais defendem que quem vence as chamadas eleições devia ser o candidato do partido, mas do trabalho a outros níveis as brigadas de “auscultação” dizem haver melhores candidatos. Defendem que esses outros são nomes mais sonantes em trabalhos de auscultação que o partido Renamo tem estado a fazer a diversos outros níveis. O certo é que os métodos que estão a ser seguidos levam os chamados membros de uma “pouco expressiva Junta de Salvação Nacional” a, ao perderem o controlo da situação, iniciarem outros processos tentando fazer crer que não há democracia interna na Renamo. 
A «Junta de Salvação da Renamo» é uma ala que os que se dizem estar com os pés bem firmes no partido apelidam de “feita com a Frelimo”, e “sem preocupações do interesse do eleitorado”. 
Várias vezes a chamada “Junta de Salvação Nacional” tentou aparecer mas foi sendo sistematicamente cilindrada por ser tida como um grupo apenas descontente, formado por pessoas com alguma história no movimento da ex-guerrilha mas que não possui reconhecidas capacidades para prestigiar a governação da Renamo no caso desta formação ser eleita pelos cidadãos para dirigir as autarquias ou até mesmo o país nas eleições gerais do país. 

Candidaturas independentes à vista 

Entretanto, com esta “crise” em curso, tanto em Chimoio assim como em Gondola os membros da Renamo, por sinal delegados dos bairros locais, avançam a hipótese de apoiarem candidaturas independentes, caso não sejam satisfeitas as suas preocupações. Afonso Dhlakama é aguardado com enorme expectativa por esses sectores. 
Informações postas a correr indicam que um alegado candidato pela Renamo no município de Manica, de nome Monteiro Gimo Firmino, ter-se-á se enforcado por ter sido colocado de lado, embora tenha vencido as eleições internas. 
A Renamo na pessoa do respectivo delegado político em Manica, Mateus Lucas António, disse que o suicídio de Firmino “foi motivado por situações sociais”, uma afirmação corroborada por Saimon Muterua, este da chamada «Junta de Salvação» da Renamo. 
Contudo, Mateus Lucas António considera as informações prestadas pela dita Junta de Salvação de “fictícias” e descreve esta como “uma entidade constituída por fantoches, que apenas pretendem desestabilizar o partido”.

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