segunda-feira, 7 de julho de 2008

Reino Unido exorta Pretória a votar resolução da ONU contra regime de Mugabe

O secretário para as Relações Exteriores do Governo britânico, David Miliband, disse ser «imperativo» encontrar uma solução para a crise no Zimbabué e exortou Pretória a aprovar uma resolução da ONU contra o regime de Robert MugabeMiliband, que se encontrou no domingo, em Joanesburgo, com 2 mil refugiados zimbabueanos, exortou o governo sul-africano, com quem iniciará discussões esta segunda-feira, a votar favoravelmente uma resolução em discussão no Conselho de Segurança das Nações Unidas e que, a ser aprovada, irá impor sanções ao regime de Robert Mugabe. O responsável pelo Foreign Office do executivo de Gordon Brown, que a partir de segunda-feira, discutirá questões bilaterais e de política externa com a sua homóloga sul-africana e membros da administração Mbeki, disse hoje que a Grã-Bretanha «redobrará os seus esforços» no sentido de garantir que o regime de Robert Mugabe não seja reconhecido internacionalmente como legítimo representante da vontade do povo zimbabueano.Miliband salientou a responsabilidade que a África do Sul e a comunidade internacional em geral têm em apoiar uma resolução a ser apresentada por Washington ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e que deverá ser discutida esta semana.A resolução pretende impor a Mugabe e ao seu regime um pacote de sanções mais severas do que as actuais «sanções selectivas» em vigor na União Europeia e nos EUA, e que apenas punem os mais altos responsáveis do regime com proibições de viajar, deter contas bancária e propriedades ou familiares a residir nos seus espaços territoriais.O grupo das 8 nações mais industrializadas do mundo (G-8) deverá também discutir esta semana, no Japão, a situação no Zimbabué, prevendo-se uma declaração forte contra Robert Mugabe e o seu Governo pela forma como foi conduzido o processo eleitoral que levou à sua recondução na Presidência do Zimbabué para um sexto mandato.Apesar da cimeira extraordinária da União Africana (AU), que se realizou no Egipto, apenas ter apelado ao presidente Mugabe para que aceite um governo de unidade nacional negociado com o Movimento para a Mudança Democrática MDC), são cada vez mais as vozes críticas de Mugabe e do seu regime na maioria dos países africanos, mesmo naqueles onde as cúpulas políticas se recusam a condenar as violações dos direitos humanos levadas a cabo no Zimbabué.No centro deste polémica está o presidente Thabo Mbeki, mediador mandatado pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para o Zimbabué, e que muitos acusam de apoiar Robert Mugabe ao ponto de ter perdido a credibilidade junto da oposição zimbabueana.No sábado o líder da maior facção do MDC e candidato presidencial vencedor da primeira volta das presidenciais zimbabueanas, Morgan Tsvangirai, recusou-se a reunir com Mbeki na capital do seu país, onde o Presidente da África do Sul se deslocou de novo para se encontrar com os protagonistas da crise zimbabueana.Mbeki acabaria por ter discussões apenas com o seu homólogo, Robert Mugabe, e com o líder da facção dissidente do MDC, Arthur Mutambara, cuja expressão eleitoral não foi significativa no escrutínio de 29 de Março.Entretanto o comissário europeu para o desenvolvimento, Louis Michel, declarou que a Comissão Europeia está pronta para libertar com carácter de urgência 250 milhões de euros para ajuda a sectores-chave da economia zimbabueana assim que o país tenha um governo legítimo e credível.Michel disse também que a Comissão Europeia pedirá de imediato à comunidade internacional que perdoe a dívida ao Zimbabué, logo que esteja empossado um governo legítimo, com o objectivo de atenuar a gravíssima crise económica em que o país mergulhou nos últimos anos.A economia zimbabueana está a braços com uma inflação real que já e difícil de calcular (a sua moeda vale no mercado paralelo 5 mil milhões contra o dólar), tem uma taxa de desemprego superior a 80 por cento e uma escassez crónica de produtos de primeira necessidade.Mais de 5 milhões de zimbabueanos fugiram já para países vizinhos com destaque para a África do Sul, Botsuana e Moçambique.

Sem comentários: