quinta-feira, 17 de julho de 2008

EUA planeiam abrir representação diplomática no Irão pela primeira vez desde 1979


Os Estados Unidos planeiam estabelecer uma representação diplomática em Teerão pela primeira vez em 30 anos. A acontecer, este será um volte-face assinalável na política diplomática de George W. Bush no que toca a Teerão.

A notícia é hoje avançada pelo “The Guardian”, que sabe que este anúncio do estabelecimento de uma secção de interesses em Teerão será feito no próximo mês. Esta secção seria uma espécie de “primeiro passo” no caminho da implantação de uma embaixada.

Esta mudança de atitude em relação ao Irão acontece numa altura particularmente tensa entre os dois países, depois de o Presidente Mahmoud Ahmadinejad ter levado a cabo testes com mísseis de longo alcance, que colocaram Israel – um tradicional aliados norte-americano – à beira de uma crise de nervos.

Apesar disso, já ontem se podiam sentir alguns “ventos de mudança”, depois de ter sido anunciado que um responsável do departamento de Estado norte-americano, William Burns, seria enviado para a Suíça, para o encontro que decorre amanhã entre o chefe da diplomacia europeia, Javier Solana, e o negociador iraniano responsável pelo “dossier” nuclear.

Burns vai sentar-se à mesa das negociações, apesar de Bush ter, até ontem, dito sempre que afastava negociações directas com o Irão enquanto o país não suspendesse o seu programa de enriquecimento de urânio.

O regresso de diplomatas ao Irão está dependente do acordo de Teerão, mas o Presidente Ahmadinejad já indicou, no início desta semana, não estar contra a abertura de uma missão norte-americana no país. O Irão consideraria favorável qualquer pedido que tenha como objectivo melhorar as relações entre os dois países, disse. Além do mais, Teerão não teria face para negar o estabelecimento de uma representação de interesses, uma vez que o Irão tem embaixada em Washington.

Presentemente, os interesses norte-americanos no Irão estão oficialmente sob a alçada da Suíça, mas o que se passa na prática é que existe uma pequena equipa de americanos a trabalhar independentemente a partir da embaixada suíça em Teerão.

A criação de uma secção de interesses significaria o regresso de diplomatas americanos a Teerão pela primeira vez desde a crise dos reféns que começou com centenas de estudantes – no quadro na revolução iraniana de 1979 que levou ao derrube da monarquia – a entrarem de rompante na embaixada americana, no ano da revolução, tendo apenas libertado os reféns em 1981.

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