sábado, 26 de julho de 2008

ETA: membros do "comando Biscaia" estiveram em Portugal a preparar acções


Dois membros da ETA estiveram no ano passado em Portugal para preparar a infra-estrutura do “comando Biscaia”, considerado o mais activo da organização terrorista basca e que a polícia espanhola acredita ter desmantelado na passada terça-feira, com a detenção de nove dos seus elementos.
Segundo a agência Vasco Press, citada pela imprensa espanhola de hoje, em Fevereiro de 2007, “Txeroki”, o comandante militar da ETA, incumbiu Arkaitz Goikoetxea e Jurdan Martitegi de formarem um novo comando, instruindo-os a viajarem para Portugal a fim de prepararem a logística da nova célula. 
Os dois estiveram pouco depois em Portugal, onde, segundo a mesma fonte, “se dedicaram a compilar diversas informações que poderiam ser úteis” à ETA. 
Entre as várias actividades desenvolvidas, Goikoetxea e Martitegi dedicaram-se a anotar placas de matrícula para mais tarde as duplicar: ao regressar a Espanha falsificavam matrículas e colocavam-nas em automóveis do mesmo modelo das originais, que eram depois usados nas acções do grupo.
No regresso ao País Basco, os dois alegados “etarras” viajaram num carro que tinham alugado em Portugal e que viria a ser usado, em Agosto do ano passado, como veículo de fuga após um ataque contra um quartel da Guarda Civil em Durango.
Esta semana, quando o grupo foi desarticulado, a polícia encontrou no apartamento de Goikoetxea, considerado o líder do comando, mapas portugueses e, num dos locais onde o grupo escondera explosivos foram também encontradas matriculas falsas portuguesas.
As autoridades espanholas consideravam o “comando Biscaia” como o mais activo da ETA, ao qual é atribuída a maioria dos atentados cometidos desde Agosto do ano passado, quando a organização terrorista oficializou o fim do cessar-fogo decretado um ano antes.
A presença dos dois operacionais em Portugal, ambos detidos na operação desta semana, confirma uma suspeita das autoridades de ambos os países, de que a ETA terá usado o território português para preparar ataques, fugindo ao cerco montado pela colaboração entre as polícias espanholas e francesas.
As suspeitas foram reforçadas depois de, em Julho do ano passado, operacionais da ETA terem abandonado um carro junto à fronteira de Ayamonte, ao avistarem uma patrulha conjunta das polícias espanhola e portuguesa. As autoridades acreditam que os “etarras” planeavam levar os explosivos até ao Algarve para fabricar uma bomba que seria depois usada na Andaluzia. 
Face a estes indícios, os dois países decidiram criar uma estrutura de cooperação policial para apurar se a ETA decidira instalar uma base em Portugal – suspeita que não se terá confirmado, apesar de ser certo que, em vários momentos, membros da organização terrorista estiveram em Portugal para planear ou preparar as suas acções.

Mais detenções

Esta notícia coincidiu com a detenção, em França, de Asier Eceiza, considerado um dos principais colaboradores do chefe militar da ETA, e Olga Comes, suspeita de pertencer à estrutura operacional do “comando Biscaia”. Segundo a polícia francesa, os dois terão sofrido um acidente de automóvel nos arredores de Dijon, alegamente ao suspeitarem que estavam a ser seguidos, tendo depois sido identificados pela polícia que os socorreu.
A imprensa espanhola adianta também hoje que o comando planeava, quando foi desarticulado atacar uma carrinha da Ertzaintza, a polícia basca, na localidade de Getxo, já depois de ter abandonado os planos para sequestrar e matar Benjamin Atutxa Iza, vereador socialista em da região de Guipuzcoa, uma vez que este gozava de forte protecção policial.

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