quinta-feira, 17 de julho de 2008

Israel chora soldados...Hezbollah canta vitória


Médio Oriente. Israel chorou ontem o regresso, em caixões, dos soldados raptados pelo Hezbollah há dois anos, Ehud Goldwasser e Eldad Regev, cujo sequestro desencadeou uma guerra no Líbano. Os apoiantes do movimento xiita, por seu lado, festejaram o regresso dos presos libertados em troca

Israelitas foram raptados a 12 de Julho de 2006

Era o dia que mais esperavam. Mas também aquele que mais temiam. Quando ontem viram os dois caixões pretos passarem a fronteira de Rosh Hanikra, entre Israel e o Líbano, as famílias de Ehud Goldwasser e Eldad Regev confirmaram enfim que os soldados israelitas sequestrados pelo Hezbollah há dois anos estavam realmente mortos. Apesar de o primeiro-ministro já ter apontado a hipótese, o movimento radical xiita libanês nunca a confirmou e, por isso, ainda havia uma réstia de esperança.

"Foi uma coisa horrível de ver. Fizemos o possível para trazê-los, mesmo que fosse neste estado. Ao longo deste tempo tínhamos esperança de que voltassem com vida. Na noite passada ainda esperei um milagre. É--me difícil expressar o que vi", explicou o pai de Eldad, Zvi Regev, que foi citado pelos media israelitas.

"Queremos lembrar o nosso filho como era e não como um cadáver", declarou à rádio israelita o pai de Ehud, Shlomo Goldwasser, explicando que nem ele nem a mulher, Miki, queriam olhar para dentro do caixão onde estava o soldado.

Goldwasser e Regev foram trocados pelos restos mortais de mais de duas centenas de combatentes libaneses e palestinianos e por cinco detidos, entre os quais Samir Kuntar, condenado a 542 anos de prisão. A troca foi feita através da Cruz Vermelha após uma mediação alemã. A captura dos dois reservistas pelo movimento de Hassan Nasrallah desencadeou uma ofensiva militar israelita, que viria a durar 34 dias, fazendo 1200 mortos do lado libanês e 160 do lado israelita.

O Hezbollah não saiu derrotado e a guerra acabou apenas quando a ONU criou uma zona tampão que impedisse ataques vindos do Líbano. Agora o Hezbollah volta a sair reforçado de uma troca que para muitos israelitas é desproporcionada. Enquanto em Israel o ambiente era ontem de pesar, com as televisões a passarem filmes sobre a infância dos dois soldados, no Líbano houve fortes festejos. Vencedores e vencidos à parte, o mito que esta troca confirma é que Israel não abandona os seus homens, nem mesmo depois de mortos. E o Hezbollah também não.

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