terça-feira, 20 de maio de 2008

Agrava-se violência xenófoba na RAS - 5000 moçambicanos já terão regressado a casa

A onda de violência xenófoba que eclodiu há uma semana na África do Sul agravou-se nos últimos três dias, com a morte de pelo menos 22 pessoas em ataques a comunidades imigrantes em Joanesburgo e arredores, onde milhares de estrangeiros se encontram refugiados em esquadras da Política e igrejas com medo de serem mortos.
Uma das últimas vítimas foi um jovem queimado vivo numa rua de Joanesburgo. Entretanto, o Presidente Thabo Mbeki anunciou a criação de um comité para investigar os incidentes, que minam a imagem da maior economia da região.Os ataques concertados contra imigrantes africanos de várias origens, na maioria moçambicanos e zimbabweanos, que tiveram início no bairro de Alexandra, espalharam-se por várias zonas a norte, leste e oeste de Joanesburgo, bem como no centro da cidade. De acordo com um porta-voz da Polícia, a maioria das vítimas mortais registou-se em bairros do leste (East Rand), embora várias pessoas tenham ficado feridas e tenham sido forçadas a abandonar as suas casas em Kya Sands (norte) e Zandspruit (oeste).Na madrugada de ontem 26 casebres foram incendiados e os residentes atacados em Tembisa, um bairro informal a norte de Joanesburgo, tendo sido registados novos ataques em Alexandra, onde mais uma pessoa foi morta, disse o superintendente Mariemuthoo.Em Hillbrow, Jeppe e Cleveland, perto do centro de Joanesburgo, grupos de pessoas armadas com paus, pedras, facas e armas de fogo foram vistas a atacar homens e mulheres identificados como estrangeiros, noticiou a Rádio 702.De acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras, cerca de seis mil pessoas encontram-se deslocadas das suas casas devido à violência. Vítimas dos ataques descrevem a situação como insustentável: `as casas foram vandalizadas por estes jovens zulus. E dizem que devemos regressar para os nossos países, mesmo que tenhamos vistos para aqui viver e trabalhar´, disse Triaphose Mbatini, uma imigrante zimbabweana. `Dizem que devemos ir embora porque não querem outras tribos na África do Sul´, acrescentou. O porta-voz da Polícia afirmou ontem que as forças de segurança estão a fazer tudo para lidar com o problema, mas, de acordo com o jornalista sul-africano Steve Lang, as culpas começam a ser apontadas para o governo, alegadamente porque já tinha sido avisado há muito tempo da possibilidade de eclosão destes actos. A Cruz Vermelha sul-africana já apelou à criação de um fundo no valor de 130 mil dólares para ajudar as vítimas da violência, adiantando que estes ataques poderão espalhar-se por outras cidades.

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