sábado, 17 de maio de 2008

No Clube das Mais Belas Baías do Mundo: Pemba a um passo para entrar...

É neste fim-de-semana que Pemba recebe três personalidades do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, uma entidade que junta os mais lindos litorais do planeta e mais particularmente as baías que constituem um traço simbólico de união entre o oceano e o continente. Pemba, interessada na sua robustez e desenvolvimento, mas com a sua beleza natural menos acidentada, poderá levar Moçambique a ser o quinto país africano a conseguir colocar uma baía naquele prestigiado grupo mundial, depois do Senegal, África do Sul, Cabo Verde e Madagáscar.
A delegação é chefiada pela secretária executiva, a francesa, Michelle Pauly e os portugueses Joaquim Ferreira e António Capoulas, ligados a Setúbal, única baía lusa neste grupo, que trazem a responsabilidade de comparar as condições da baía moçambicana e os requisitos que o clube exige como importantes para o ingresso na sua família.
A beleza das baías, com efeito, levou a que o mundo se organizasse num clube, que é um verdadeiro poder económico de promoção da beleza natural e contribuição para a preservação das baías escolhidas. Foi em Março de 1997, em Berlim, que se criou este organismo mundial, que tem a sua sede na cidade de Vannes, França, e dele fazem parte 30 baías de todo o mundo, conforme a lista seguinte de algumas delas:
Bodrum (Turquia), Baie d´Há Long e Nha Trang (Vietname), Siné Saloum (Senegal) Setúbal (Portugal), São Francisco (EUA), Somme, Monte Saint-Michel, Quiberon, Girolata/Corse Saintes Guadalupe (França), Backwaters/Kérala (Índia), Bantry (Irlanda) Diego Suarez (Madagáscar), Agadir/Taghazout (Marrocos) Baía de Banderas (México), Bouches de Kotor (Montenegro), Porto Galera (Filipinas) False Bay, Cape Town ( África do Sul), Sylt (Alemanha), Mount´s Bay (Inglaterra) Península Valdes (Argentina), Praia do Rosa (Brasil), Baía dos Chaleurs, Tadoussac/Quebec (Canadá), Mindelo ( Cabo Verde), Pontas Arenas (Chile) e Baía de Santander (Espanha).
Ainda muito recentemente, de 30 de Março a 8 de Abril deste ano, uma delegação do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, da qual faziam parte o secretário-geral e o tesoureiro, respectivamente, Bruno Bodard e Hervé Laigo, mais o conselheiro Nguyen Hao Tam, visitou oficialmente o Vietname, país, que como Moçambique, está interessado em colocar desta feita mais uma baía no clube. Será a terceira para aquele país do sudeste asiático. Fonte do clube disse que depois de encontros com os representantes das baías de Nha Trang e de Halong, já membros do grupo, foi efectuada uma visita à Baía de Lang Co, nova candidata à adesão, situada no centro do país, na Península de Hué.
Informações disponíveis dizem que o Governo vietnamita apresentou oficialmente aos representantes do clube o seu interesse na admissão desta nova baía, em particular pela voz de Pham Gia Khiem, Vice-Primeiro Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros, que recebeu a delegação no dia 7 de Abril, na companhia de outras personalidades vietnamitas.
O Conselho Municipal de Pemba, que já vinha cantando que era terceira maior baía do mundo, facto discutível com dados mais seguros, mais a Associação dos Naturais e Amigos de Cabo Delgado, conhecida pela sigla CD-em Movimento, querem também ter lugar no Clube das Mais Belas Baías do Mundo.
Não se está a falar, como é obvio, simplesmente da grandeza, mas sim da beleza, assim como não se está a falar unicamente da Praia do Wimbe, nem da Inos, Paquitequete, Maringanha, Chibuabuari e Chiúiba
As candidaturas acontecem durante um Congresso do Clube, onde são aceites depois do que se seguem os passos para a avaliação, antes de se declarar determinada baía parte do Clube das Mais Belas.
Entre os dias 4 e 9 de Outubro, o “notícias” foi o órgão de comunicação social moçambicano que esteve na Praia do Rosa, no Brasil, que acolheu o quarto congresso no qual Pemba se iria candidatar, num evento com a participação de representantes de 25 países interessados na promoção do turismo e das belezas naturais das baías integrantes do Clube.
A ONG Clube das Mais Belas Baías do Mundo tem a chancela da Organização das Nações Unidas para Cultura e Ciência, UNESCO, em face do seu compromisso com a cultura e o meio ambiente, através da promoção e protecção das baías do grupo.
A Praia do Rosa, que acolheu o congresso, fica a 785 quilómetros de São Paulo, no Estado de Santa Catarina, município de Imbituba. Foi conhecida anteriormente por acolher uma modalidade desportiva chamada “surf”. Fica igualmente a 80 quilómetros de Florianópolis e é conhecida hoje também por outras razões, entre elas a preservação ambiental da região e pela observação das baleias francas.
Na verdade, de Julho a Novembro a Praia do Rosa recebe as baleias que vem procriar. Acasalam-se e passam ali os primeiros meses de vida dos filhotes, preparando-os para enfrentarem os mares bravos. Estes grandes mamíferos aquáticos podem atingir ou até ultrapassar as 40 toneladas, sendo que cada ano mais de 100 deles visitam a área de preservação ambiental da baleia, que é responsável pelo desenvolvimento do Turismo de Observação das Baleias.
Turistas viajam de seus países longínquos para o Brasil à procura de um ponto chamado Praia do Rosa e observar os grandes mamíferos aquáticos entre saltos e acrobacias. Um moçambicano de Pemba faz Pemba/Maputo/Johanesburgo/São Paulo/Florianópolis/ Imbituba (Praia do Rosa), onde hoje se pode apanhar mais de uma centena de pousadas e de empresas dedicadas a serviços, como restaurantes e casas nocturnas. Também estão em franco desenvolvimento outras actividades comerciais.
Entretanto, a aceleração do progresso nas últimas décadas, na Praia do Rosa, vem sendo acompanhada pela consciência de que é necessário preservar. Em busca dessa convivência harmoniosa, as opções são muitas para quem quer tranquilidade ou agitação, ou as duas coisas juntas.
A Praia do Rosa possui três quilómetros de extensão, com areias brancas e formação de dunas junto ao mar. Próximas à praia também estão pequenas lagoas (há uma do meio, salgada e as restantes de água doce) embelezando ainda mais a paisagem e atraem os veranistas nos dias de mar agitado. O local é também cheio de trilhos artificialmente concebidos, para exercitar alguma caminhada, um dos quais tem a particularidade de ter sido usado por D. João VI, de Portugal, quando em visita à região no século XIX, com cerca de seis quilómetros, da Praia do Rosa até à Praia da Luz, razão porque se chama Caminho do Rei.


VANTAGENS COMPARATIVAS...

O que levou a que as outras baías africanas, mesmo a brasileira do Rosa, que visitámos, fossem eleitas para o clube mundial pode não parecer muito diferente do que Pemba tem em termos de beleza e o facto de ser igualmente reservatório de um passado histórico e cultural não menos interessante.
Por exemplo, a baía de Mindelo, em Cabo Verde, que faz parte do arquipélago que leva o nome do país, situada ao largo do Senegal e da Gâmbia, goza da relevância da origem vulcânica da Ilha de São Vicente, descoberta em 1462. A baía em si possui um porto em águas profundas, o que constitui uma boa etapa para os porta-contentores e os petroleiros navegam entre o norte e o sul do Atlântico.
As condições naturais são circunscritas no facto de a costa ser do tipo vulcânico (uma antiga cratera), com um clima subtropical árido, temperaturas com uma média anual que se situa nos 22 graus centígrados, uma precipitação anual que não vai para lá dos 90ml e vale-se, igualmente de um património mundial que é o ecossistema do arquipélago.
O meio humano, de acordo com dados em posse do nosso Jornal, tem como suporte o facto de Mindelo ter um património cultural, traduzido pela própria cidade, a música e a estrada de Santo Antão. Do ponto de vista demográfico, Mindelo tem 20.000 habitantes, com uma densidade superior a 500 habitantes por quilómetro quadrado, mas com um índice de desenvolvimento humano que ostenta a cifra de 0.727.
De acordo com os critérios que levaram Mindelo ao clube, segundo consta dos documentos da organização, consultados pelo nosso Jornal, destaca-se, por assim dizer, a importância estética da baía das galas e as tradições vivas, nomeadamente Santo Antão e São Vicente.
A África do Sul tem no Clube das Mais Belas, a Baía de La Table e Falsie Bay, ambas situadas na ponta meridional do continente, onde se encontram as águas frias do Oceano Atlântico e as quentes do Índico. Estão separadas pelo mítico Cabo de Boa Esperança. A famosa “Table Mountain” domina Cape Town, também chamada “Mother City”, que foi a primeira cidade fundada na África do Sul (pelos holandeses, século XVII), possui 307 quilómetros de litoral e essas duas baías são as maiores do país.
A costa rochosa, escarpada e alta, num clima mediterránico, na fachada atlântica, com uma temperatura média de 16 graus, juntou-se àquilo que é considerado património mundial, designadamente o Table Moutain, o Cabo de Boa Esperança, a sua flora e mamíferos marinhos, sendo que pesaram para a sua admissão no clube a importância estética do Table Moutain e o processo ecológico e biológico.
Enquanto isso, a Baía do Siné Saloum, no sudoeste da região de Fatick, Senegal, cerca de 150 quilómetros de Dakar, é uma ampla reserva natural, fluvial e marítima e consta de três zonas principais, nomeadamente a continental, espaço de transição e uma paisagem constituída por florestas claras, savanas de arbustos e zonas de cultivo.
Com um índice de desenvolvimento humano considerado fraco, a Baía do Siné Saloum leva consigo o peso de se tratar de um Parque Nacional do Delta com o mesmo nome, declarado desde 1976, reserva da biosfera, desde 1981, zona húmida de importância internacional, particularmente como habitat para aves, também declarada a partir deste ultimo ano.
Abona a favor da Siné Saloum, também o facto de possuir um património cultural, constituído por vestígios de necrópoles e túmulos, para além de diversas etnias. Por outro lado e para defender toda essa riqueza, ela dispõe de um plano de gestão desde há 7 anos e em vias de actualização, sendo que, na verdade, pesou para a sua admissão, os habitates naturais e por se revelar um valioso testemunho da civilização.
Finalmente, temos a Baía africana de Diego Suarez, no extremo norte de Madagáscar. O seu nome vem de dois navegadores portugueses, Diego Diaz, no século XV e o Almirante Suarez, 100 anos mais tarde. É constituída por 4 baías, uma delas defendida por um morro considerado pelos moradores do sitio como um lugar sagrado. A principal cidade, Antsiranana, o seu porto, outrora militar, tornou-se no segundo comercial mais importante da Ilha. A região de Diego Suarez, que é a síntese de todos os tipos de relevo e clima de Madagáscar, abrange o Parque Nacional da serra d´Ambre, mais outros motivos historicamente importantes, facilitaram o acesso daquela baía ao Clube das Mais Belas Baías do Mundo.
Ela detém uma rica história marítima, por meio de árabes, índios e europeus, incluindo o facto de ter servido como base aeronaval francesa. Apresenta, por assim dizer, um conjunto coerente e homogéneo de tradições vivas, factos que viabilizaram a sua integração no prestigiado clube mundial.
Ora, tal como dissemos acima, a Baía de Pemba esteve na Praia do Rosa, em Outubro do ano passado, a participar no tal congresso, tendo à frente o General Alberto Chipande, pela CD-em Movimento e o Presidente do Conselho Municipal. Foi neste lugar que a delegação moçambicana disse, por meio de um acto formal que se aquela praia, por exemplo, faz parte das Mais Belas Baías do Mundo, Pemba também pode ser e levou o essencial para ir vender a sua imagem.
Com efeito, a enorme Baía moçambicana de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, está banhada pelas águas quentes e cristalinas do Oceano Índico e com magníficas praias de beleza natural, intactas e livres de poluição. Tem uma extensão territorial de 194 km2.
Trata-se, historicamente, de um centro comercial fundado pelos portugueses junto ao porto do mar, no século XX, então nomeado por Porto Amélia, na baixa e vizinho do bairro de Paquitequete, que é a parte mais antiga da cidade e onde há casas mais velhas e mais bonitas de Pemba. É, na verdade, uma das maiores baías do país e do continente, e provavelmente uma das mais profundas e amplas do mundo, chegando a atingir cerca de 52 metros de profundidade.
Com uma área aproximada, como foi dito de 194 km2, esta baía exibe uma diversidade de ecossistemas, tais como estuários, mangais, tapetes de ervas marinhas, praias arenosas, praias rochosas, recifes de corais, repteis e pássaros marinhos e terras húmidas. Ver a Baía de Pemba, por quem não está todos os dias ali, é certamente uma experiência que não se esquece, que nos faz observar tanto as maravilhas da paisagem, como a riqueza cultural que a região oferece.
Muita heterogeneidade nas gentes que habitam Pemba, que emigraram do interior, os macuas, os ngunis e os macondes. Do litoral, os ngujas do Tanganica, os sacalaves do Madagáscar e os Mujojos das Comores. A civilização europeia, particularmente a trazida pelos portugueses, é igualmente notória. Religião, gastronomia, arte e escultura, enfim, a diversidade cultural.
O clima, a morfologia, os mangais, assim como as actividades económico-artesanais, o fundo do mar, tudo, é riqueza que pode chamar a atenção não só a nível do turismo, como para a necessidade de preservação.
Há projectos que nascem pela mão de instituições e organizações que apoiam o desenvolvimento do turismo que pretendem a redução de parte da pressão exercida sobre os recursos marinhos, através da diminuição da dependência em relação a estes e, consequentemente, dos níveis de exploração. A criação de áreas de conservação na Baía de Pemba incrementaria o nível de protecção dos ecossistemas e espécies, contribuindo igualmente para a manutenção dos processos de larga escala que exercem influência sobre a diversidade.
É claro que o sector do turismo oferece mais oportunidades que qualquer outro, no que respeita ao potencial para o incremento rápido dos padrões de vida de um número significativo de pessoas e pode trazer oportunidades de redução de parte da pressão exercida sobre os recursos marinhos.
O presidente do município de Pemba, apela a todos os moçambicanos com as seguintes palavras: Promover e defender a Baía de Pemba, acaba sendo um assunto com condimentos acima de grupos, acima de interesses particulares, para se apresentar como claramente de cidadania, acima de tudo, patriótico!
Daí, a Baía de Pemba, pode fazer parte do prestigiado Clube das Mais Belas Baías do Mundo, e contar com o apoio incondicional da UNESCO na promoção e defesa da nossa baía.
No próximo ano a cidade portuguesa de Setúbal vai acolher o Quinto Congresso das Mais Belas Baías do Mundo e lá, segundo informação disponível, já está em franca preparação o evento, com o apoio declarado dos secretários de Estado do Turismo e do Ambiente e a cidade deverá organizar uma espécie de montra das potencialidades do distrito.
A candidatura apresentada pela cidade foi acolhida pela organização durante o terceiro congresso do clube, em Bordum, na Turquia, em 19 de Outubro de 2005.
Os congressos deste género costumam movimentar 150 participantes em representação de 30 países. Para além da “comitiva”, um dos motivos que leva os países a pertencerem ao clube ou organizar tais congressos mundiais é o prestígio internacional que o evento traz e a oportunidade de divulgação de produtos ainda não suficientemente conhecidos, uma forma de passar das potencialidades à prática.
Estamos perante um momento que muito rapidamente passou de interesse de um pequeno grupo de entusiastas, ligados à CD-em Movimento, para um acontecimento de todos cabodelgadenses, do país em geral e, por não, do aumento da família mundial das mais belas baías.

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