terça-feira, 20 de maio de 2008

Polícia detém diplomatas




Zimbabwe


O alto-comissário britânico em Harare, Andrew Pocock, foi detido pela polícia do regime da ZANU-PF este fim-de-semana último na companhia de quatro outros diplomatas, nomeadamente da Tanzânia, Japão, União Europeia, Holanda, e Estados Unidos. De acordo com o correspondente no Zimbabwe do jornal londrino, «The Times», o incidente ocorreu numa região situada a cerca de 150 km a norte de Harare, quando os diplomatas procediam à investigação in loco de casos de violência política que têm vindo a ser perpetrada contra a população das zonas rurais desde as eleições gerais realizadas a 29 de Março. Acompanhados de jornalistas, os diplomatas viram um centro de interrogatórios dirigido por milícias do partido de Robert Mugabe, a ZANU-PF, e que funciona numa propriedade agrícola. Os diplomatas visitaram dois hospitais na mesma zona, e que albergam um largo número de pessoas vítimas de agressões físicas. A coluna composta por 11 viaturas com matrícula diplomática foi interceptada num posto de controlo tendo a polícia informado os ocupantes de que “estavam a obstruir o tráfego rodoviário”. A polícia ordenou aos diplomatas que se dirigissem para uma esquadra próxima, o que eles recusaram. Um agente da polícia política do regime de Harare, a CIO, questionou um diplomata americano sobre a razão da sua presença no local, ao que este respondeu: “Estamos a ver as pessoas que foram agredidas”. Em resposta, o agente da CIO disse, “também o vamos agredir”, afastando-se depois do local. O embaixador americano, James McGee, fotografou agentes da CIO, mas estes ocultaram o rosto com as mãos. Ao tentar entrar num dos hospitais, os diplomatas foram impedidos de o fazer por três indivíduos armados com espingardas automáticas. O embaixador americano ignorou a presença dos homens armados, tendo aberto o portão, permitindo que a coluna de viaturas diplomáticas entrasse. Os diplomatas entraram numa casa transformada em “centro de comando” e de onde cerca de 100 jovens da ala juvenil do partido de Mugabe todas as noites se ausentam para aterrorizar as populações indefesas. Em declarações a jornalistas no local, o embaixador americano, James McGee, disse que as ameaças das forças do regime de Harare não iriam impedir a missão diplomática de continuar com os seus trabalhos. “Estamos desejosos por continuar com este tipo de actividade para mostrar ao mundo o que é que está a acontecer aqui no Zimbabwe. É absolutamente urgente que o mundo inteiro veja o que se passa. A violência tem de parar.” Segundo o correspondente do «The Times», a visita dos diplomatas constitui um caso inédito no Zimbabwe. Há ainda a salientar o facto da missão diplomática ter incluído um representante da Tanzânia, país que detém a presidência da União Africana, Fontes hospitalares no Zimbabwe referem que foram assassinadas 24 pessoas e cerca de 1.000 ficaram feridas como resultado da campanha de intimidação política posta em prática pelo regime de Harare em antecipação da segunda volta das eleições presidenciais.

Sem comentários: