terça-feira, 13 de maio de 2008

Tentativa de assassinato do Advogado Albano Silva


Frangoulis explica métodos Albano Silva
O antigo director da P.I.C Cidade, e principal investigador dos Casos “Cardoso”, e “Silva” revelou em sede de tribunal que Zacarias Cossa, Nataniel Macamo e Albano Silva visitavam Dudu na sua cela na cadeia Civil, com o intuito de o industriarem numa cabala contra o investigador . Jornalistas do «Domingo», Augusto de Carvalho e Salomão António poderão ser arrolados pelo tribunal a pedido da defesa particular, alegadamente por estes terem sido tentados a aceitar suborno de 400 mil dólares oferecidos por Frangoulis. Este desafia-os a aparecerem para um frente.
António Jorge Frangoulis, foi ontem ouvido pelo tribunal Judicial da Cidade de Maputo que julga os principais suspeitos no envolvimento do atentado da tentativa do assassinato do advogado Albano Silva. O principal investigador do “Caso Carlos Cardoso” e que conduziu ainda que tardiamente as investigações do Caso Albano Silva ora em julgamento, fez ontem relevações interessantes. Frangoulis foi ouvido na condição de declarante, depois do seu nome ter ecoado por parte dos réus, que estão a responder em juízo os seus alegados envolvimentos na acto macabro que por um triz tirava a vida do advogado, num dia de Novembro de 1999.
Segundo Frangoulis, que também é jurista e professor de Direito Processual, a alegação de que Osvaldo Razak Muianga (Vulgo Dúdu), teria sido por ele industriado no sentido de ilibar Vicente Ramaya, a mesma não passa de mais uma das muitas versões que aquela figura de feições descomunais tem produzido. “Ele já vai na sétima ou oitava versão”, disse Frangoulis que é igualmente deputado da Assembleia da República pela bancada da Frelimo

Dudú a testemunha do MINT

Dudu tido com a testemunha chave dos casos “Cardoso” e “Silva”, teve protecção do Estado Moçambicano como ontem fez questão de vincar Frangoulis. “O Dudu gozava do estatuto de testemunha credível” referiu, na condição de declarante, tendo acrescentado que a casa onde aquele viveu, era das expensas do Ministério do Interior. Aquando da simulação neuro-patológica daquela testemunha, “foi o Ministério do Interior quem pagou o tratamento na clínica especial”. Reagindo às questões de insistência das alegações de Dudu, de que teria sido coagido por aquele criminalista, ele foi categórico: “Aquando do processo do Caso Carlos Cardoso fui claro, objectivo e peremptório. Não faz parte dos meus métodos a coação. Coação é violência”. Ficou-se a saber ainda que a mãe de Dudu serviu de correio entre este e o Estado (MINT), antes dela também, ter, aparentemente vacilado e virar os canos contra Frangoulis. Trabalhei com o S.I.S.E
António Frangoulis revelou ainda que dadas as vicissitudes dos casos que estava a investigar, e por ter levantado uma suspeição ao ministro (Na altura, Almerino Manheje) e ao comandante geral da Polícia (Na altura, Miguel dos Santos), passou a trabalhar sobre coordenação dos Serviços de Informação e Segurança de Estado (SISE). É a partir dos equipamentos electrónicos cedidos por estes serviços que o investigador dos Casos “Cardoso” e “Silva”, consegue obter gravações comprovativas de conversas com parte dos intervenientes nos mesmos. Aparentemente, terá sido pelo excesso de protagonismo, como ele próprio disse, que no MINT “matavam profissionalmente os grandes obreiros” – palco de intrigas – começou a haver exiguidade de fundos para a investigação, a ponto de solicitar verbas à Ministra das Finanças (Na altura, Luísa Diogo).
Pela via do inspector Criminal de nome Milisse, Frangoulis ficaria a saber que “Zacarias Cossa, Nataniel Macamo e Albano Silva” frequentavam a cela de Dúdu “onde estavam a preparar uma versão para me lixarem”.

Métodos Albano Silva: Não incriminar Nyimpine

Naquilo que pode ser descrito por métodos Albano Silva, Frangoulis revelou ao tribunal que o esposo da primeira-ministra Luísa Diogo, tinha acesso privilegiado aos «dossiers» na posse do SISE. Na posse dos relatórios que se iam produzindo, Albano Silva, segundo o declarante, várias vezes o interpelou no sentido de explicá-lo que “os monhés é que sabem de tudo. Querem lixar o Nyimpine e o seu pai e o partido Frelimo”. Frangoulis disse que o referido material que incluía transcrições de escutas telefónicas, entre outros, era de conhecimento muito restrito ao nível daqueles serviços de segurança. O investigador disse que não se abalou com tal interferência, mas que teria perguntado ao ilustre causídico por que vias obtinha informação classificada. Este ter-lhe-ia dito que era por via de um tal Pedrito. Frangoulis disse ainda que o causídico, insatisfeito com as suas investidas começou a rotular-lhe de membro do Crime Organizado. “Ele vê o crime organizado em todo o lado. No Kaya Kwanga, o Umberto, mas ele vai para esses sítios todos”. Segundo Frangoulis, Albano Silva ter-lhe-á dito que estava também por detrás da sua exoneração.

Anibalzinho avisou-me que seria destituido e outra vez Albano

O antigo director da Policia de Investigação Criminal ao nível da cidade de Maputo, confirmou o que o líder do esquadrão assassino do jornalismo Carlos Cardoso dissera neste julgamento: que seria exonerado nos dias subsequentes. Tal revelação foi, segundo Frangoulis numa altura em que faltava recolher as provas que poderiam esclarecer as penumbras que subsistiam nas investigações no Caso Cardoso. Aníbalzinho telefonava com alguma regularidade ao investigador, e numa das “conversas extra-judiciais” que este mantinha com este réu preso, este lhe relevou que gozava de alta protecção, e ter-lhe-á dito se ele quisesse subir na carreira “devia deixar de investigar o caso”. Dito e feito, profecia cumprida: perante Almerino Manheje e Miguel dos Santos “estes alegaram que eu estava doente – tinha sido operado duas vezes ao quisto – e que estava exonerado. Olha que não fui eu a pedir a exoneração alegando estar doente. Foram eles que tomaram a iniciativa”. Daí como se sabe e é público, Frangoulis foi estudar inglês na vizinha África do Sul à expensas do Ministério do Interior, que no entanto lhe deve o reembolso do dinheiro da renda de casa.

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