sábado, 24 de maio de 2008

Relatório “Muito Secreto” é autêntico e presidente Mbeki acreditou nele

O famoso relatório “Muito Secreto”, que há cerca de um ano circulou no «Canal de Moçambique» e no Semanário «Zambeze» bem como na imprensa sul-africana, e que alguns sectores designadamente angolanos consideravam de falso, acaba de se confirmar ser autêntico, estando o seu autor identificado assim como a instituição para quem trabalhava. Mais: O Presidente Thabo Mbeki da África do Sul até concordou com vários pontos focados no relatório, mormente aquele que dizia que o chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, e o dirigente líbio, Muammar Abu Minyar al-Gaddafi, estavam a financiar a campanha de Jacob Zuma para assumir o controlo do ANC e, eventualmente, a presidência da África do Sul. O autor do relatório foi identificado como sendo Ivor Powell, que na altura desempenhava as funções de investigador da unidade policial popularmente conhecida por «Scorpions» (Escorpiões), cuja designação oficial é DSO ou Direcção de Operações Especiais. Estas revelações foram feitas pelo antigo procurador-geral da República da África do Sul, Vusi Pikoli, perante uma comissão de inquérito instituída para apuramento das circunstâncias do seu afastamento daquele cargo. De acordo com Pikoli, ele recebeu o relatório das mãos do director da DSO, Leonard McCarthy, em 2006, tendo-o depois encaminhado para duas unidades dos serviços de informações sul-africanos, o SASS (Serviços Secretos Sul-Africanos) e o NIA (Serviço Nacional de Informações). O Presidente Mbeki viria a tomar conhecimento da existência do relatório através do antigo porta-voz da Presidência da República, Smuts Ngonyama. Em Maio de 2007, o relatório chegava às mãos do Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos (Cosatu). Foi dos escritórios desta central sindical que o relatório viria a ser distribuído por diversos órgãos da comunicação social. O «Canal de Moçambique» foi dos primeiros jornais a noticiar a sua existência e a referir-se ao relatório tendo alguns órgãos, sobretudo angolanos, designadamente o Semanário «Angolense» que chegou ao ponto de opinar que a peça deste seu diário era “uma peça de amadores”. Recorde-se, que entre outras coisas, o relatório procedia a uma análise das visitas ao estrangeiro efectuadas por Jacob Zuma, salientando que em Agosto de 2005 ele havia estado em Moçambique, em Angola em Junho, Outubro e Novembro, e na Líbia em Dezembro desse mesmo ano. Dizia o relatório que “estas visitas devem ser escrutinadas pois poderão estar relacionadas com a obtenção de fundos e angariação de apoio não oficial para as suas aspirações presidenciais, e também em conexão com a possível lavagem de dinheiros.” Zuma acabou por ser eleito presidente do ANC em Novembro de 2007, destronando Thabo Mbeki da liderança do partido no poder na África do Sul.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 23.05.2008

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